Com a pré-candidatura já lançada para a Prefeitura de Fortaleza no próximo ano, o presidente do União Brasil, Capitão Wagner, avalia que o pleito de 2024 deve ser o mais “diferente” que ele já disputou. “Nunca vi uma eleição tão antecipada”, declarou, nesta quinta-feira (21), em entrevista aos editores e colunistas de Política do Diário do Nordeste, Jéssica Welma e Wagner Mendes.
Durante a participação na live do PontoPoder, o político, que comanda a Secretaria da Saúde de Maracanaú, avaliou possíveis adversários na eleição do próximo ano, especialmente do PT, do PDT e do PL. A entrevista foi a primeira de uma série de conversas com dirigentes partidários a pouco mais de um ano das eleições de 2024.
O que tem surpreendido Wagner já neste ano é a “antecipação” das articulações e das disputas por espaço no próprio grupo governista, que tradicionalmente, no Ceará, deixa essas movimentações para a última hora.
“Geralmente, quem está no Governo diz que só vai discutir eleição no próximo ano, mas é claro que o Elmano, o Camilo, o Sarto, o Roberto Cláudio, está todo mundo discutindo o cenário do próximo ano.”
Para o oposicionista, o atual prefeito da Capital, José Sarto (PDT), irá enfrentar um cenário extremamente desafiador. “Estamos vendo um enfraquecimento da candidatura de reeleição do Sarto, porque desidratou em termos de aliança política, perdeu o PSD, alguns vereadores estão na base apenas por conveniência, já tem alguns que escaparam e estão falando com o Governo”, disse.
Outro movimento antecipado, segundo Wagner, foi a saída de Evandro Leitão do PDT, anunciada pelo presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) no mês passado. A intenção do parlamentar é disputar a prefeitura da Capital por outra sigla, já que o PDT deve lançar Sarto para a reeleição. Os destinos mais cotados para Evandro são PT e PSB.
“O Governo não tinha necessidade nenhuma de antecipar, mas antecipou, a saída do Evandro do PDT e ninguém sabe para onde ele vai. Então, o PDT vive uma confusão gigante e imagino que isso está prejudicando Fortaleza.”
Para Wagner, o grupo pedetista em Fortaleza vem enfrentando um desgaste natural após três gestões no comando do Município. “Quando você repete demais uma prática ou uma estratégia ela acaba fadada ao insucesso. Os Ferreira Gomes criaram uma estratégia que é colocar o indivíduo como presidente da Assembleia e depois como prefeito Deu certo com o Roberto Cláudio, quase não deu certo com o Sarto e agora não sei se essa fórmula vai dar certo”, avalia.
Oposição ao PDT em Fortaleza, o PT também planeja lançar candidatura própria para a Prefeitura da Capital. Três integrantes da sigla já demonstraram interesse em encabeçar a chapa: os deputados estaduais Guilherme Sampaio e Larissa Gaspar, além da deputada federal Luizianne Lins. Evandro Leitão é o quarto nome cotado na lista, mas, atualmente, está em processo de saída do PDT. Ele contaria com o apoio do ministro da Educação, Camilo Santana.
Questionado sobre quem gostaria de enfrentar nas urnas, Wagner se esquivou de apontar a preferência por um adversário.
“Não tenho como escolher (...) Fui vereador com o Guilherme, que hoje é deputado, qualificado, tem bom discurso, presidente municipal do PT, então tem força. Nunca tive um debate com a Larissa, mas parece atuante. A Luizianne tem uma história que merece respeito, foi oito anos gestora da Capital, logicamente que em um dado momento o eleitor se questiona se quer voltar para o passado ou não.”
Responsável por indicar o vice na chapa liderada por Capitão Wagner no pleito do ano passado, o PL também planeja lançar uma candidatura à Prefeitura de Fortaleza. O deputado estadual Carmelo Neto e o deputado federal André Fernandes, inclusive, já sinalizaram interesse na disputa.
Para o presidente do União Brasil, o melhor caminho para os liberais seria seguir na aliança com seu partido.
“O PL se tornou o maior partido do País, isso o credencia a lançar candidato em qualquer lugar porque tem tempo de TV, tem estrutura financeira do Fundo Partidário, mas o PL em Fortaleza precisa definir se é oposição ou base do Governo Sarto”, ressaltou.
“Parte do PL está dentro do Governo Sarto, vereadores do PL estão apoiando, secretários são do PL (...) então o PL vai ter que definir se vai ter candidatura própria e aliança, se for lançar, definir quem é o melhor nome, então há uma indefinição no PL como há no PT.”
Wagner ainda questionou os ideais e projetos dos seus aliados na última eleição. “Quais os projetos, quais ideias do PL em termos de gestão? Qual figura vai encabeçar esse projeto com experiência e condição de viabilizar? Quem assiste pela TV acha que é fácil, mas eu que já participei de três (eleições) sei o quanto é difícil”, concluiu.
Sobre os pré-candidatos do PL, Wagner listou Raimundo Gomes de Matos, seu vice na chapa de 2022, e a deputada federal em exercício Priscilla Costa. “André (Fernandes) tem grande capital político eleitoral, assim como o Carmelo Neto, apesar de serem muitos jovens e o eleitor de Fortaleza é, de certa forma, conservador e busca alguém com mais experiência”, finalizou o presidente do União Brasil.