Lula realizou sua 10ª live semanal na última 2ª feira (14.ago.2023). Teve cerca de 5.500 pessoas assistindo à transmissão em tempo real. O resultado é baixo quando se considera que o presidente tem 1,33 milhão de inscritos em seu canal no YouTube e 5,6 milhões de seguidores em sua página no Facebook.
Até as 14h de 6ª feira (18.ago), todas as 10 edições da live “Conversa com o presidente” acumulavam 2,5 milhões de visualizações nas redes sociais oficiais do chefe do Executivo e do governo. As transmissões são ao vivo nas páginas oficias de Lula no YouTube, Facebook e Twitter e também nos canais no YouTube do CanalGov e do Palácio do Planalto. O endereço que sempre tem mais audiência é o canal oficial do presidente no YouTube.
Além das transmissões oficias, o governo tenta emplacar o programa com a divulgação de cortes separados e a adição de perguntas de eleitores durante as transmissões. Apesar do esforço para ampliar a presença de Lula na internet, a audiência do petista é baixa, principalmente se comparada ao alcance obtido por Jair Bolsonaro (PL) quando era presidente.
Em 2018, o então deputado Bolsonaro, com pouco tempo de TV, conseguiu uma mobilização sem precedentes usando as redes sociais. Depois, usou plataformas digitais como sua arena eleitoral. Durante seu governo, o então presidente falava ao vivo quase todas às quintas-feiras, às 19h, e o seu principal canal de transmissão era a sua página no Facebook.
As 10 primeiras lives de Bolsonaro acumulavam 12,5 milhões de views no Facebook até 14h de 6ª feira (18.ago). A mais vista é justamente a 1ª (assista aqui), realizada em 7 de março de 2019. Apenas essa transmissão já teve 2,4 milhões de visualizações. Ao todo, as 10 edições de lives de Lula, somadas, só registravam 850 mil views na mesma rede social.
A pesquisadora Yasmin Curzi, do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, explica que não é possível saber se os dados de audiência são orgânicos, uma vez que é comum o uso de robôs e perfis fakes. Ainda assim, a especialista vê maior tração da direita nas redes sociais.
“É possível que haja engajamento artificial. Sabemos da contratação de empresas de marketing digital e talvez os números possam ser artificialmente aumentados. Por outro lado, os dados também expressam a comunicação mais forte da direita, o que já é sabido. A direita consegue se comunicar melhor e engajar mais gente”.
Ao Poder360, o presidente da EBC, Hélio Doyle, disse que a empresa não é responsável pela estratégia de comunicação da “Conversa com o presidente”, mas analisou que as lives do Bolsonaro tinham um sentido “mais mobilizador de bases”.
“As lives do Bolsonaro eram para mobilizar as bases bolsonaristas. Tinha um formato bem diferente dessa. Essa é mais uma conversa mais coloquial. Acho que são coisas diferentes, produtos diferentes. E acho que produtos diferentes não podem ser comparados”, disse.