O senador Beto Faro (PT-PA), membro da Comissão Parlamentar das ONGs da Amazônia, já foi preso por grilagem, em 2004, com outras 17 pessoas, no âmbito da Operação Faroeste. Naquele ano, Faro era superintendente do Incra, em Belém.
Segundo a polícia, Faro autorizou ilegalmente a regularização fundiária de 500 mil hectares de glebas em Santarém, Prainha, Trairão, Oriximiná e Placa, beneficiando plantadores de soja e madeireiros. As terras eram da União.
Documentos apreendidos à época mostraram que o então superintendente teria recebido propina de R$ 300 mil. O esquema de grilagem começou a ser investigado em 2003, quando a Polícia Federal de Santarém descobriu uma imobiliária que vendia pela internet terras da União.
Servidores do Incra, advogados e parentes dos funcionários públicos supostamente sustentavam o esquema. Para obter a regularização de grandes áreas, os empresários cadastravam seus funcionários como “laranjas” nos processos apresentados ao Incra. Em troca de propina, servidores dos setores de cartografia, topografia e de emissão do cadastro de terras beneficiavam os grileiros com os documentos utilizados na fraude.
Pouco depois, Faro conseguiu um habeas corpus. Em 2006, foi eleito deputado federal e, dessa forma, ganhou foro privilegiado. As investigações contra ele chegaram ao Supremo Tribunal Federal. Em 2018, contudo, a ministra Rosa Weber determinou o encaminhamento das apurações à Justiça do Pará, visto que os supostos crimes ocorreram antes de Faro se tornar parlamentar. Pouco se sabe sobre os desdobramentos do caso.
Nas eleições do ano passado, Faro conseguiu se eleger senador. A pedido do governo, ele passou a integrar a CPI das ONGs da Amazônia.