A sessão legislativa da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte/CE de ontem (22.11) elegeu a nova mesa diretora da Casa que a partir de janeiro de 2023 terá a médica Yanny Brena (PL) como presidente. Com 26 anos, será a segunda mulher a presidir o parlamento juazeirense. Mas além de sua beleza e jovialidade, o que pode ganhar o Legislativo juazeirense com a mudança?
Nesses quatro anos de mandato presidencial legislativo, Darlan Lobo (PTB) economizou mais de R$ 9 milhões do dinheiro público destinado à Câmara. Quase R$ 5 milhões foram devolvidos ao governo Zé Arnon. À época, os defensores do candidato a prefeito Glêdson Bezerra (PODE) diziam que Darlan dividia esse dinheiro com o ex-prefeito. Mas este ano em que Darlan devolverá mais de R$ 2 milhões ao governo Glêdson Bezerra, esse dinheiro será dividido entre prefeito e presidente da Câmara? Os puxa-sacos ficaram calados, pois sabem que suas falácias não resistem ao peso da realidade.
Ano passado, antes de ser afastado, Darlan apresentou uma prestação de contas com um saldo de R$ 1,7 milhão. Portanto, nos últimos quatro anos em que esteve à frente do Legislativo juazeirense, primou sua conduta pela austeridade financeira, inclusive em relação às diárias que sempre estiveram sob sua estreita vigilância e correção.
Essa austeridade também pôde ser observada na condução das sessões legislativas, principalmente no atual biênio onde a base do prefeito Glêdson Bezerra tumultuou a condução dos trabalhos legislativos com tentativas de obstrução, esvaziamento e falsas polêmicas regimentais burocráticas. Em todos os casos, o atual presidente soube agir com a devida firmeza e desprendimento.
Darlan também foi um porta-voz ativo das demandas da população juazeirense e um exímio fiscalizador das ações do Executivo, reverberando e protocolando junto aos órgãos públicos de controle e fiscalização denúncias documentadas contundentes contra práticas irregulares e ilícitas.
E com Yanny?
Corre à boca miúda, nos bastidores da política e aos quatro cantos de Juazeiro do Norte que a eleição de Yanny foi comprada. Tivemos, nesse longo caminho que culminou com a votação de ontem, até vereador aberturado em estacionamento. Quem não lembra? Como já disseram que dinheiro não viaja de graça, é provável que a Câmara Municipal se transforme em um grande balcão de negociatas. Nessa perspectiva, há de se esperar o fim da postura presidencial de austeridade e zelo com o dinheiro público.
Por outro lado, como será a postura da futura presidente em relação à condução dos trabalhos legislativos?
Como vereadora, Yanny tem se mostrado alheia à vivência cotidiana do parlamento juazeirense. Com uma longa ficha de faltas, quando vai às sessões divide seu tampo de plenário com o celular e a cantina da instituição. Desarticulada e sem conhecimento apurado do regimento interno, a vereadora até mostrou desconhecimento na hora de votar na própria chapa que a escolheu como nova presidente.
É bem verdade que a vereadora tem Leis aprovadas, mas sua atuação presencial nas sessões mostram uma parlamentar alheia ao que se processa à sua volta.
Mas se a vereadora não tem essa desenvoltura, como conseguiu sagrar-se presidente? Ora! Até quem tem desconhecimento acerca do que se processa na política juazeirense sabe que a candidatura de Yanny foi construída por seu irmão Yury do Paredão (PL), empresário recém-eleito deputado federal.
Assim, haverá nos próximos dois anos um estado de ingerência política na Câmara Municipal juazeirense que será conduzida por um estilo de governança onde firmeza, transparência e zelo com o dinheiro público poderão não ser características da denominada Casa do Povo.
O Sovaco de Cobra acompanhará atentamente, como sempre acompanhou, o próximo biênio do poder legislativo juazeirense.