O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que o Ipec (ex-Ibope) vai ter que “fechar as portas” depois das eleições. Na avaliação dele, a diferença entre as pesquisas de intenção de voto e a apuração do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) evidencia a “tentativa do maior estelionato eleitoral da nossa história”. A declaração foi dada na 4ª feira (26.out.2022) em entrevista ao Poder360.
“Tentou-se criar uma narrativa aliando os 2 principais institutos de pesquisa do país, Datafolha e Ipec, principalmente, com a grande mídia, que, de qualquer forma, é que divulga esses institutos, para tentar levar a uma eleição que fosse resolvida no 1º turno com a vitória do ex-presidente Lula [PT]”, afirmou Ciro Nogueira.
Também segundo o ministro, pesquisas qualitativas feitas pela campanha mostraram que “algumas pessoas não foram votar no presidente Bolsonaro porque acharam que o Lula ia ganhar no 1º turno”.
“Tem que ser investigado o que ocorreu. Uma tentativa de resolver uma eleição que, no meu ponto de vista, levou as pessoas a serem enganadas”, concluiu.
PESQUISAS EM XEQUE
O questionamento às pesquisas eleitorais ganhou força depois do 1º turno das eleições. Ao contrário do que algumas empresas de pesquisas afirmavam, a vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi acirrada. Ambos disputarão o 2º turno das eleições em 30 de outubro de 2022.
O PoderData, empresa do grupo de mídia Poder360 Jornalismo, pesquisou pela última vez antes do 1º turno de 25 a 27 de setembro. No levantamento, as intenções de voto eram de 5 a 7 dias antes do 1º turno. Foram 48% para Lula e 38% para Bolsonaro. No caso do petista, o acerto do PoderData foi completo. Bolsonaro teve 5 pontos percentuais a mais, acima da margem de erro do levantamento, mas a tendência de alta lenta e gradual de Bolsonaro havia sido captada há cerca de 60 dias, antes de outras empresas de pesquisa.
Depois de confirmado o 2º turno, Bolsonaro voltou a criticar as empresas de pesquisas. Na mesma linha de Ciro Nogueira, o presidente disse que o fato dos levantamentos mostrarem mais intenções de voto para Lula ajuda o rival a conquistar mais votos. Segundo ele, depois do resultado dessas eleições, isso deixará de acontecer. “Até porque eu acho que não vão continuar fazendo pesquisa”, falou.
No dia seguinte à 1ª rodada, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que “ao contrário das pesquisas, os números não erram”. E expressou seu desejo em votar a regulamentação das pesquisas eleitorais no Congresso.
O ministro Anderson Torres (da Justiça e Segurança Pública) anunciou em 4 de outubro que havia enviado à PF uma solicitação de abertura de inquérito relacionado às pesquisas de intenção de voto. Segundo ele, o pedido atende a uma representação que indicou “condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados por alguns institutos”.
Na última 6ª feira (21.out), o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) protocolou um pedido para a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as empresas. Leia os nomes dos congressistas que assinaram.