O primeiro turno das eleições 2022 mexeu muito com a política em Juazeiro do Norte/CE. E o PSD, ainda partido do vice-prefeito Giovanni Sampaio, foi marcadamente afetado por esse processo.

Giovanni Sampaio não apoiou as candidaturas do seu partido, mas sim candidatos do PT ou ligados a ele, o que sugere que o vice-prefeito não continue na sigla de Domingos Filho, o presidente regional (estadual) do PSD que foi vice de Roberto Cláudio (PDT) na chapa estadual de Ciro Gomes (PDT).

Em relação ao conjunto do partido, é provável - e natural - que haja uma reviravolta na relação entre o PSD e o governo Glêdson Bezerra (PODE) que logo após o término do 1º turno promoveu uma "caça às bruxas" que já resultou em inúmeras exonerações. Moura, presidente local do partido e grande articulador do cenário político juazeirense, foi um dos exonerados. Estava como coordenador de Patrimônio do Município, função da qual foi substituído pelo advogado João Paulo.

As exonerações são um acerto de contas para com aqueles que, detentores de cargos comissionados ou contratados, não seguiram a orientação do prefeito, ou seja, não apoiaram os candidatos apresentados por Glêdson.

Em consonância com a fidelidade partidária, Moura não poderia jamais apoiar os petistas Camilo Santana e Fernando Santana, o unionista Capitão Wagner e o progressista Tarso Magno. Entretanto, a divergência entre Moura e Glêdson já vem desde o início da atual gestão do Executivo juazeirense.

O PSD, que se jogou de corpo e alma com lágrimas e suor na campanha a prefeito do atual gestor, não teve seu peso devidamente reconhecido na atual gestão político-administrativa juazeirense. E agora, com essa degola promovida pelo prefeito dentro do aparato da Municipalidade, a tendência é que o partido já seja oposição ao governo municipal.

Cicinho Cabeleireiro e Padre Paulo são vereadores do PSD em Juazeiro do Norte. Cicinho já disse que segue a orientação partidária. Padre Paulo, que tem - ou teve - a Secretaria de Turismo e Romaria em suas mãos, está entre a cruz e o cassetete.

Defensor de Glêdson de linha de frente, Padre Paulo também tem a obrigação moral, como representante da fé, de defender os preceitos cristãos e, principalmente, aqueles direcionados às camadas mais carentes da sociedade juazeirense que, dentre outras mazelas, são vítimas da Central de Marcação da Secretaria de Saúde (SESAU) do Município. É correto a um padre estar com o seu povo, solidário para com o seu sofrimento, ou se desviar pelo canto da sereia do universo político leigo? Estará o Padre Paulo correto e Santo Agostinho errado em sua De civitate Dei (A Cidade de Deus)? E o que os eleitores do Padre Paulo pensam dessa sua relação de vassalagem para com o prefeito Glêdson Bezerra?

Se a política do PSD se dá pela coerência, o caminho a trilhar em Juazeiro do Norte é o caminho da oposição.