A direção da campanha de Lula comunicou à Prefeitura de São Paulo que o comício do petista no Vale do Anhangabaú reuniria 100 mil pessoas. Mas esqueceu de comunicar ao público. Resultado: Compareceram menos de 10% do público esperado.
Segundo o Monitor do Debate Político, projeto de um grupo político da Universidade de São Paulo (USP) que analisa e realiza pesquisas sobre políticas públicas, o evento contou com apenas 9.580 pessoas. E isso em seu ápice, ou seja, no momento em que tinha mais gente. Segundo os coordenadores do estudo, o método utilizado tem 84,5% de possibilidade de acerto. É bom ressaltar, para os incrédulos, que a USP é uma universidade majoritariamente petista.
Mas não foi só a frustração quantitativa que marcou o comício de ontem do presidenciável petista. Seus ataques aos cristãos foram novamente proferidos, particularmente direcionados a pastores evangélicos e padres católicos. Para o candidato, existem muitas fakes news no mundo religioso.
"Quando quero conversar com Deus, eu não preciso de padres ou de pastores. Eu posso me trancar no meu quarto e conversar com Deus por quantas horas eu quiser sem pedir favor a ninguém. É assim que a gente tem que fazer pra gente não ser obrigado a escutar pessoas contando mentiras quando deveria tá cuidando da fé, quando deveria tá cuidando da (inaudível), quando deveria tá lendo a Bíblia decentemente e não inventando coisas", disse Lula.
O petista disse, irritado, que a questão religiosa agora está na moda. Esqueceu de dizer que o seu grupo petista cresceu nas Comunidades Eclesiais de Base. Esqueceu de dizer que sempre usou padres e pastores influentes para participar de rituais e atos religiosos para fazer política dentro das igrejas e dos templos. Esqueceu do quanto se aproveitou da Teologia da Libertação para crescer junto à população católica brasileira. Esqueceu do tempo em que tinha hegemonia dentro de algumas instituições religiosas.
Em verdade, o que preocupa Lula é que atualmente a maioria esmagadora dos evangélicos está com o presidente Bolsonaro e os católicos estão divididos. Daí ele dizer que muitos pastores e padres não cuidam mais da fé nem da religiosidade. Tudo que contraria o ego personalista do candidato que se imagina um deus terreno vira alvo de sua ira doentia.
Vaias em Gramado
Segunda-feira passada (15.08), no Festival de Cinema de Gramado, município turístico do Rio Grande do Sul, o elenco do filme O Pastor e O Guerrilheiro, quando passava pela Rua Coberta, começou a fazer o L com a mão e a cantarolar "Olê, olê, olê, olá! Lula, Lula!". Junto ao elenco estavam Genoíno Neto, ex-presidnete do PT que, assim como Lula, foi presidiário da Lava Jato, e Juca Ferreira, petista que foi Ministro da Cultura dos governos Lula e Dilma.
A reação do público que lotava os bares e restaurantes dos dois lados da rua foi imediata, espontânea e incisiva. O elenco foi vaiado e o nome Mito ecoou deixando os artistas desconcertados.
Atores e atrizes, direção, produção e corpo técnico do filme acreditaram nas pesquisas do Datafolha mas não esperavam serem contraditos pela verdadeira pesquisa que é a das ruas.