Depois da reunião com dirigentes nacionais do partido, o PT cearense bateu o martelo e não recua da decisão: ou a candidata dos Ferreira Gomes é Izolda Cela (PDT) ou a ruptura será estabelecida.
O petismo cearense chega em um momento de definição adiada desde 2018 quando o então governador Camilo Santana (PT) teve que se equilibrar entre as candidaturas de Fernando Haddad (PT), derrotado por Bolsonaro, e Ciro Gomes (PDT), irmão do seu padrinho político. Agora é diferente. E muito diferente. E o próprio Camilo já se manifestou em apoio favorável à decisão partidária de apoiar Izolda na corrida pela sucessão ao Palácio da Abolição.
Como resultado da discussão com o PT nacional, o partido estadual fez uma plenária que contou com a participação de sua maior liderança, o deputado federal Guimarães, que foi o responsável por comunicar a decisão oficial do partido: ou Izolda ou fim do casamento entre o PT e o PDT no estado.
Ciro Gomes vem cada vez mais atacando Lula, chamando-o, dois dias atrás, de "político esclerosado" que "vendeu sua alma para o sistema". Ciro faz isso porque sabe que não tem a mínima condição de conquistar o voto do eleitor bolsonarista e que na atual polarização da política nacional só há espaço para Bolsonaro e um antagonista. A despeito das pesquisas de intenção de voto, Ciro quer ser esse antagonista. E a única maneira de ir para o segundo turno é arrancando votos do ex-presidente.
Esse antagonismo entre Ciro e Lula encontrou sua representação no Ceará na disputa que coloca os nomes da atual governadora Izolda Cela e do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, ambos do PDT, à corrida sucessória do Executivo cearense.
Ontem (16.05), o prefeito de Fortaleza, José Sarto Nogueira (PDT), fez declaração em favor da candidatura de Roberto Cláudio que criminosamente desviou centenas de milhões de reais da Saúde enviados à capital cearense pelo governo federal para combate à Covid-19. Por sua vez, Guimarães externou publicamente seu apoio e o apoio do partido a Izolda.
Também ontem, a governadora prestigiou a entrega da Medalha Boticário Ferreira ao deputado estadual Evandro Leitão (PDT), presidente da Assembleia Legislativa e também pré-candidato a governador. A cúpula do partido não esteve presente. Na ocasião, Izolda afirmou: "Não tenho obsessão pelo poder".
Entretanto, as conversas de bastidores apontam uma mudança no comportamento sereno da governadora que tem demonstrado, nos últimos dias, uma grande aproximação com o seu ex-partido, o PT. Segundo comentários, Izolda está empolgada com a defesa de seu nome pela militância petista.
Para manter a unidade, Ciro e Cid desistirão de Roberto Cláudio e apoiarão a candidatura da atual governadora? Improvável. Portanto, ruptura à vista.