Semana passada, a alta cúpula do PT cearense esteve reunida no Hotel Amuarama, em Fortaleza, para uma discussão muito séria. Assunto: Rompimento com o PDT. Os últimos acontecimentos levaram o PT cearense a encarar essa discussão que não é bem vista pelo setor majoritário da sigla no estado, mas que se tornou necessária pelo desenrolar dos eventos nos últimos dias.
Com dois palanques distintos em nível nacional, o PT e o PDT cearenses conseguiram a proeza de continuarem uma aliança orgânica até mesmo nas eleições presidenciais de 2018 onde Ciro atacou Haddad exaustivamente no primeiro e viajou no segundo turno para a Europa sem prestar nenhum apoio ao presidenciável petista.
O aumento da frequência dos ataques de Ciro a Lula, Dilma, Zé Dirceu, Gleisi Hoffmann e outros representantes da alta cúpula petista nacional colocaram o PT cearense ainda mais em evidência em um ano que é essencial para o partido juntar forças em torno daquela que, talvez, será a última eleição de Lula como candidato ao Planalto Central.
Por um lado, Ciro sabe que só terá espaço na atual polarização se o polarizado for ele, em vez de Lula. Por outro lado, fragiliza sua relação com o PT no estado, cujo maior representante é o deputado federal Guimarães que, nesse momento, tem como prioridade a campanha do ex-presidente.
O ataque gratuito a Eunício Oliveira (MDB) também repercutiu negativamente. Eunício, candidato do coração de Lula à sucessão do governo do estado, reagiu com veemência. Tornou-se, então, mais forte a possibilidade de lançamento do líder emedebista como candidato ao Palácio da Abolição e não simplesmente a uma vaga na Câmara de Deputados.
Os ataques desesperados de Ciro coloca em pauta uma ruptura estadual entre o PT e o PDT e o provável surgimento de uma terceira via. Vale lembrar que a posição da deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins e de seu grupo, a Democracia Socialista, desde o início foi de não marchar junto ao PDT, uma vez que é desafeto dos Ferreira Gomes há muito tempo.
A ruptura do PT poderá, de fato, proporcionar o lançamento de um candidato majoritário da terceira via no Ceará. Se realmente isso se efetivar, ficam as apostas para quem irá fazer o contraponto aos Ferreira Gomes e ao Capitão Wagner (UB): Eunício Oliveira, o preferido de Lula, ou um nome do próprio partido? Esperemos.