Muito aquém do esperado, os atos de ontem, 1º de maio, revelaram a capacidade de mobilização das forças sociais antagônicas da política nacional. Não chegaram perto do que foram as multitudinárias manifestações de 7 de setembro do ano passado, mas, tais quais aquelas, demonstraram, mais uma vez, que os bolsonaristas têm maior poder de mobilização.
Bolsonaro (PL) visitou rapidamente o ato de Brasília mas só falou virtualmente ao ato de São Paulo que aconteceu à Av. Paulista. Centrou seu discurso em defesa da liberdade, da democracia e da Constituição. Os atos bolsonaristas, a exemplo do ano passado, foram maiores que os da oposição.
Já Lula (PT) participou do ato organizado na Praça Charles Miller, no Pacaembu, também em São Paulo. Foi uma manifestação organizada por sete centrais sindicais e partidos de esquerda. Lula teve que adiar sua fala do horário de 13 h para 15 h 30 min, pois, no horário marcado, o ato estava esvaziado. O horário foi, então, emparelhado com o show da cantora Daniela Mercury para ver se Lula falava a um público maior. A fala do ex-presidente foi marcada por uma enxurrada de críticas a Bolsonaro e por seu pedido de desculpa à polícia, pois à noite anterior, em um evento político acontecido em Brasilândia, Zona Norte da capital paulista, o ex-presidente disse que Bolsonaro não gostava de gente, só gostava de polícia (!!!). Mesmo com diversos shows musicais, inclusive os de Daniela e Leci Brandão, o ato não teve adesão popular e só conseguiu reunir militantes. Contrariando a Lei Eleitoral, vários dirigentes sindicais e partidários fizeram menção à eleição de Lula.
Ciro Gomes (PDT) decidiu não participar do ato do Vale do Anhangabaú, pois tem sido vaiado frequentemente em atos da esquerda. Seu 1º de maio foi recluso a um evento do partido, na sede de Brasília, que homenageou os 100 anos do seu fundador, o gaúcho Leonel Brizola.
Se depender dos atos de ontem, pode-se dizer que uma considerável parcela do eleitorado brasileiro ainda não está definida sobre em qual candidato apostar. Apesar das pesquisas apontarem uma liderança do petista, esses gráficos não são confirmados nas ruas. O ex-presidente, até agora, não conseguiu empolgar nem mobilizar populares em sua jornada política na luta pelo retorno ao Planalto Central.