Pouco mais de um ano depois de o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, garantir em 2020 que “as urnas eletrônicas não são passíveis de ataques cibernéticos”, o ministro Luís Edson Fachin afirmou que a “Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers”. A declaração de Fachin foi publicada em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo nesta quarta-feira, 16.
Futuro chefe da Corte eleitoral a partir da próxima semana, Fachin citou a Rússia. “A preocupação com o ciberespaço se avolumou imensamente nos últimos meses”, afirmou. “Posso dizer que a Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers, não apenas de atividades de criminosos, mas também de países, tal como a Rússia, que não têm legislação adequada de controle.”
De acordo com o ministro, foram detectados “riscos eleitorais” vindos de países, como, por exemplo, a Macedônia do Norte. “Em relação aos hackers que advêm da Rússia, os dados que nós temos dizem respeito a um conjunto de informações que estão disponíveis em vários relatórios internacionais”, disse.
Sem resposta do aplicativo russo Telegram a contatos do TSE, Fachin avisou que é “hora de endurecer” para evitar que a plataforma seja usada na campanha deste ano para difundir “fake news”. Mas destacou que ainda vai aguardar uma posição do Congresso para restringir a atuação de redes sociais.
Fachin descartou a possibilidade de os militares se atrelarem a “interesses conjunturais”, caso o presidente Bolsonaro seja derrotado nas urnas neste ano. “Nós teremos o maior teste das instituições democráticas”, observou. Segundo Fachin, o slogan de sua gestão será “paz e segurança nas eleições”.