Inconformado com o fato da maioria dos deputados do seu partido, o Partido Democrático Trabalhista (PDT), ter aprovado a PEC dos Precatórios na madrugada de ontem (4), Ciro Gomes suspendeu sua (pré-)candidatura a presidente, chantageando claramente os seus pares - Lula já fez isso muitas vezes no PT e na CUT.

Os 15 votos do PDT a favor do texto foram essenciais para que a proposta do governo Bolsonaro fosse aprovada no 1º turno. Sem eles, a PEC teria sido derrotada, pois conseguiu apenas 312 votos dos 308 necessários.

Com a chantagem, Ciro Gomes espera reverter a situação na votação em 2º turno, pois já foi bastante desmoralizado ao perder para Bolsonaro dentro do próprio partido. Deputados de outros partidos de oposição como o Podemos, o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) também votaram a favor da PEC que é essencial para a implantação do Auxílio Brasil que substituirá o Bolsa Família.

Mas além da desmoralização política, o que tem tirado o sono de Ciro - e de todos os chefes da oposição - é ver a PEC aprovada dar base à imediata aplicação do novo programa social que, diferentemente do Bolsa Família (de caráter puramente assistencialista e eleitoreiro), distribuirá renda e incentivará a produtividade, a criação de empregos, a iniciativa científica, o esporte amador e a criação de vagas em creches.

O sucesso do Auxílio Brasil, em curto prazo, significa o aumento da popularidade do presidente Bolsonaro, pois é um plano qualitativamente, em todos os aspectos, e quantitativamente superior ao Bolsa Família. Isso nem Ciro nem quaisquer outros presidenciáveis querem. Para a oposição, quanto mais fome, quanto mais desemprego, quanto mais miséria e sofrimento para o povo brasileiro melhor, Por isso tentarão de todas as formas inviabilizar a PEC que viabilizará o Auxílio Brasil.

Por outro lado, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP/AL) se empenhará em trazer para a votação da PEC em segundo turno todos os deputados da base que faltaram ao primeiro, como forma de se precaver contra uma possível mudança de votos dos deputados oposicionistas que entenderam, por longe das querelas ideológicas, o real significado do Auxílio Brasil para o povo brasileiro.