A vereadora Yanny Brena Alencar Araújo (PL) deu entrada em um projeto de modificação do regimento interno que pode antecipar a eleição da mesa diretora da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte/CE em... UM ANO E UM MÊS!!!!! Não sabemos de algo assim em nenhum município brasileiro. Mas se a proposta já é absurda, mais absurdo ainda é o motivo que a levou a apresentá-la.

Por trás da figura angelical, aparentemente frágil, delicada e agradável da vereadora tem um esquema pesado que representará, caso vitorioso, a morte da política juazeirense enquanto possibilidade de representatividade no cenário estadual e nacional.

Começaremos aqui o primeiro capítulo da novela legislativa tragicômica que representa um lado obscuro e tortuoso da vida política juazeirense.

Parte I – De protagonista a pedinte

Juazeiro do Norte/CE nasceu forte, nasceu líder.

Joaseiro, nome oficial à época, teve em Padre Cícero Romão Batista o vice-governador da província do Ceará e em Floro Bartolomeu o presidente da Assembleia Legislativa e, posteriormente, deputado federal respeitado no Congresso Nacional. Ao final da década de 70, Juazeiro do Norte teve Adauto Bezerra como governador do estado. Mauro Sampaio, representante de Juazeiro do Norte na Câmara dos Deputados, a exemplo de seu pai Leão Sampaio gozava de prestígio no Congresso Nacional - e usava esse prestígio em favor do crescimento do Município. Em 1989, Juazeiro do Norte deu ao Ceará sua primeira senadora: Alacoque Bezerra.

Em sua história mais recente, o Município chegou a ter, em um único mandato, cinco deputados estaduais: Raimundão, Vasques Landim, Íris Tavares, Ana Paula e Giovanni Sampaio; também, em um único mandato, três deputados federais: Zé Arnon, Raimundão e Salviano. E também um senador: Reginaldo Duarte. Mas, ao longo das últimas décadas, o poder político de Juazeiro do Norte foi esvaziando-se.

Acostumados a sentarem nas primeiras cadeiras para decidir o destino da política estadual, seus representantes passaram a ser meros convidados, figuras decorativas, políticos da Corte à espera das migalhas da mesa opulenta dos novos protagonistas da política do Ceará. Juazeiro do Norte tornou-se, assim, um serviçal, um pedinte à mercê dos desejos dos sucessivos governos estaduais representados pela oligarquia Ferreira Gomes.

Ano passado, prometendo mudar essa realidade, colocando-se como libertador do Município, foi eleito Glêdson Bezerra. Do discurso à prática, em lugar de um libertador Juazeiro do Norte viu surgir um prefeito submisso, aliado fervoroso do governador Camilo Santana (PT).

Agora a Câmara Municipal se depara com a proposta de modificação regimental da vereadora Yanny, uma proposta oportunista e casuística sem argumentos sólidos que lhe deem embasamento sustentável, mostrando-se ser claramente um golpe com viés institucional totalmente alheio aos interesses e necessidades do povo juazeirense.

Com essa antecipação da eleição da mesa legislativa, pôs-se em marcha um processo que colocará Juazeiro do Norte ajoelhado aos pés de um político “alienígena” totalmente distanciado da vivência cotidiana do Município, um político com nome e sobrenome que apresentaremos ao desenrolar desta novela.

A vereadora Yanny, politicamente imatura, em seu primeiro mandato, é apenas a expressão pública de um golpe arquitetado por pessoas alheias que querem muito mais que dirigir uma Câmara de Vereadores. Juazeiro do Norte corre iminente perigo.