Pesquisas são imagens conjunturais, momentâneas; são fotos e não um filme que expressa a dinâmica dos acontecimentos e que não acaba antes do fim. Mas será que em tão pouco tempo as pesquisas de opinião acerca das eleições de 2022 perderam sua validade?
Dos atos realizados no dia 7 de setembro, Bolsonaro saiu como o grande e único vencedor. A esquerda, para aparecer, teve que se amparar no Grito dos Excluídos e Excluídas, da CNBB, direção nacional da Igreja Católica. Mas mesmo os atos do catolicismo oficial não tiveram o mesmo sucesso que nas edições passadas. Pastorais, sindicatos, entidades estudantis, ONGs, MST e MTST, coletivos e partidos de esquerda se mostraram incapazes de uma grande mobilização.
Em Brasília, o ato da CNBB/esquerda foi esvaziado e terminou antes do previsto. Em São Paulo, o ato bolsonarista na Avenida Paulista foi, numericamente, quase dez vezes superior à manifestação da CNBB/esquerda no Vale do Anhangabaú. E Lula, que triunfalmente apareceu por quase duas décadas nas manifestações do 7 de setembro, este ano sumiu. Segundo divulgado, por recomendações médicas. Então fica a pergunta: se Lula não pode ir a uma simples manifestação em 2021, como poderá enfrentar a maratona eleitoral de 2022?
Egídio Serpa, em sua coluna no Diário do Nordeste de hoje (8), escreveu: "Algo está errado. Como pode o presidente da República, com os mais baixos níveis de aprovação popular - segundo indicam as pesquisas de opinião pública - mobilizar, como ontem mobilizou, milhões de pessoas em apoio ao seu governo e à sua luta?" E dá sequência ao seu raciocínio: "Como nem tudo o que reluz é ouro, as pesquisas eleitorais de hoje (o retrato de um momento) podem estar tisnadas pelos grupos de interesse (corporações do serviço público, empreiteiros, banqueiros, industriais apoiados por isenções fiscais, mídia fragilizada)".
As motociatas, as manifestações populares gigantescas de recepção ao presidente da República por onde este passa - até mesmo no Nordeste que costumam dizer que é um reduto do lulopetismo - demonstram nitidamente que existe alguma coisa de errado nas pesquisas de opinião pública, excetuando-se as do Instituto Paraná que vêm fielmente sendo comprovadas pela realidade. Mas não esqueçamos, pois a memória é uma excelente companheira: se dependesse dessas pesquisas, Bolsonaro não seria presidente.