A Câmara dos Deputados arquivou ontem (10) a PEC do Voto Impresso. Embora com uma maioria de 229 a favor contra 218 pela não aprovação e uma abstenção, a proposta foi derrotada, pois precisava de 308 votos favoráveis.
A oposição aproveitou o desfile da Operação de Formosa - que já estava marcada meses antes - para insuflar os deputados a votarem contra o voto eletrônico, impresso e auditável com o argumento de que o desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios era uma tentativa do governo Bolsonaro intimidar a Câmara de Deputados para que a PEC fosse aprovada. Também mentiu vergonhosamente ao dizer que a PEC do Voto Impresso seria um retrocesso porque voltaríamos ao tempo da cédula eleitoral.
Bia Kicis (PSL/DF), autora da proposta, explicou que não se tratava de um recuo, mas de um avanço, uma vez que não se tratava de voltar ao voto com cédula e caneta, mas de acoplar à urna eletrônica um sistema de impressão que permitiria o eleitor verificar seu voto sem nele tocá-lo. O voto impresso, por sua vez, seguiria para uma urna física inviolável.
Contrassenso foi ver deputados federais que defendem ardorosamente o Fundão Eleitoral de R$ 5,7 bilhões dizerem que o voto impresso auditável seria uma despesa desnecessária de milhões de reais. Para eles, todo o dinheiro do mundo; para a democracia, um centavo é desperdício.
Os únicos países - de todo o planeta - que usam somente o sistema eleitoral exclusivo de urna eletrônica são Brasil, Bangladesh e Butão. Os demais que usam esse sistema possuem o voto impresso ou manual como complemento indispensável. EUA e Alemanha, duas das democracias mais robustas do planeta, enxergam o sistema eleitoral brasileiro como um atraso para a democracia.