O Partido dos Trabalhadores (PT) entrou ontem (7) com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), que proíbe o uso da linguagem neutra em escolas e órgãos públicos do estado. Para o partido, essa determinação "viola os princípios constitucionais da igualdade, da não-discriminação, da dignidade humana e do direito à educação", pois a língua portuguesa ensinada hoje não representa os não-binários e as múltiplas identidades de gênero, já que, segundo defende, não existem só sexo masculino e sexo feminino.
Para defender sua tese, o PT argumenta no texto da ação impetrada: “Nosso objetivo é claro: tornar a língua portuguesa inclusiva para pessoas transexuais, travestis, não-binárias, intersexo ou que não se sintam abrangidas pelo uso do masculino genérico”. Entretanto, para muitos especialistas na área, a linguagem neutra defendida pelo PT não tem nada de inclusiva, pois não abrange surdos, cegos, disléxicos e outras pessoas que, ao longo da vida, também têm seus direitos desrespeitados. Para outros, a linguagem neutra causaria um grande estrago na riqueza vocabular e linguística luso-brasileira. Para Caio Perozzo, especialista em linguagem e professor de literatura do Instituto Borborema, a adoção da linguagem neutra representa "a crise da inteligência". Eles acreditam que essa defesa petista tem a ver com ideologia partidária e não com a real defesa da igualdade de gêneros.
Ao tomar essa medida jurídica, o PT esqueceu de perguntar às mães e aos pais das escolas catarinenses se querem que suas filhas e seus filhos continuem aprendendo a língua portuguesa tradicional ou querem que seja adotada a nova linguagem onde em vez de se dizer todas ou todos, dir-se-á "todes", e em vez de aberta ou aberto, "aberte". E você, que está lendo esta matéria, é leitora, leitor ou "leitore"?