Em meio a insatisfações com os rumos do Partido dos Trabalhadores no Ceará, a deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), admitiu que cogitou deixar a sigla, a qual é filiada há 36 anos. A petista também não garantiu que seguirá na legenda nas próximas eleições, em 2026.
Luizianne Lins concedeu entrevista ao editor Wagner Mendes e ao repórter Igor Cavalcante durante a live do PontoPoder, nesta quinta-feira (26).
Na conversa, ela disse que estava se sentindo “extremamente incomodada” com a condução do partido no início de 2022. “Estava me sentindo mesmo com o processo de espaço e até com algumas coisas que aconteceram, então, na janela partidária (em 2022), eu comecei um debate de janeiro até abril por conta do grau de insatisfação que eu estava”, disse.
“Agora, o problema é que só piorou (risos) de lá para cá. Era muito por conta de coisas intrapartidárias que estavam acontecendo naquele momento, mas achei que era precipitado”, falou a deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza.
Em abril de 2022, em entrevista ao colunista Wagner Mendes, Luizianne Lins apontou a possibilidade de deixar os quadros petistas e aderir ao Psol ou à Rede. Um dos motivos das insatisfações, segundo ela, era a falta de protagonismo do PT no debate de sucessão do então governador Camilo Santana no Ceará, que esperava uma definição do PDT.
À época, PT e PDT romperam e os petistas lançaram como candidato Elmano de Freitas (PT), então aliado histórico de Luizianne, que venceu no primeiro turno.
Dentre as “pioras” desde 2022, Luizianne cita a disputa interna para definição da chapa petista neste ano, quando ela se lançou como pré-candidata, mas o nome escolhido internamente pelo Partido foi o de Evandro Leitão (PT), eleito na Capital.
“O que aconteceu foi a entrada de uma máquina política dentro do PT, o que acabou com a disputa interna”, disse.
A petista ainda reclamou da traição de aliados históricos.
“O pior é que é gente que trabalhava conosco há 35 anos, desde a entrada no PT. Inclusive, muitos trabalharam comigo no nosso mandato (...) Tinha gente desde lá, então foram muitas coisas que eu estranhei demais, foram traições jamais imaginadas”, disse Luizianne.
“Já tive muita gente que eu ajudei e, depois, na primeira oportunidade, se agarrou mais com o poder que com a própria história política dentro do partido, mas é diferente quando é da sua casa, de dentro da sua confiança, é gente que tem todas as informações, gente que convive com sua base social na cidade, e essas pessoas foram cooptadas”, concluiu.