Aconteceu quinta-feira (19.12) a última sessão legislativa juazeirense de 2024. Vereadores(as) aproveitaram para agradecer, pedir desculpas, desabafar, mostrar o que fizeram e alguns até mostrar o que não fizeram. Mas, embora marcada de emoção, a sessão não deixou de ter a oposição derrotada batendo no prefeito Glêdson Bezerra (PODE). Assim como começou a atual legislatura, encerrou-se; só que sob o manto funerário.
Mas entre leros e boleros, eis que uma fala se diferenciou ao propor um desafio aos vereadores eleitos Lukão (PSDB) e Boaz das Rotatórias (PL), desafio este de um vereador que decidiu não concorrer a mais um mandato legislativo: Darlan Lobo (PRD).
Campeão de coautorias de projetos na atual legislatura e de requerimentos em 2023, o vereador Ivanildo Rosendo (MDB) aproveitou a deixa de Darlan para ser coautor do desafio a Lukão. Porém, ao contrário do ex-presidente que foi respeitoso, Ivanildo chamou Lukão de mentiroso, "um desocupado que vive com um celulazim fazendo vídeo, falando mal das pessoas" (sic), embora tenha desejado sorte a ele - mera retórica - em seu mandato que se avizinha.
Quanto ao desafio, Ivanildo arrematou: "Desejo ao Lukão e a otos que venham aí que supere [me superem] porque se não superar, vai me encontrar trabalhando nas ruas e, daqui a pouco, a gente vai tá aqui de volta, vereador. A gente não tá dando um adeus não, é só um até logo" (sic).
Darlan, que antecedeu à fala de Ivanildo, pediu desculpas aos seus pares, a empresários, aos ex e ao atual prefeito pelas críticas e pelos embates. Agradeceu aos vereadores que o elegeram para dois dos seus três mandatos como presidente e agradeceu aos eleitores. Falou de sua trajetória nos cinco mandatos e, particularmente, do fato de ter devolvido quase R$ 5 milhões da Câmara para o governo municipal durante a pandemia e do fato de ter extinto 60 cargos no Legislativo juazeirense, ações que denotaram compromisso com o dinheiro público.
Darlan ainda afirmou que tentou extinguir mais 52 cargos e não conseguiu, lançando o desafio para os dois vereadores eleitos. "Se não fizer melhor do que eu fiz é porque o ladrão não sou eu". "Vou protocolar esse projeto, junto com a minha fala, ao senhor Boaz e ao senhor Lukão pra serem os coautores dessa matéria novamente na primeira sessão". O ex-presidente disse que os dois vereadores têm que assumir publicamente o compromisso pela aprovação da extinção desses cargos sob o peso, se assim não fizerem, de estarem "compactuando com a coisa errada" e de demonstrarem que enganaram a população juazeirense.
Não tenho procuração para defender Lukão e nem o farei. Isso ele bem sabe fazer. Mas o influenciador não é desocupado. E o trabalho que faz com o seu "celulazim" é maior que o desenvolvido por Ivanildo com toda a sua assessoria.
Quanto a Darlan, está correto em querer e em cobrar a extinção de cargos desnecessários e incompatíveis com os princípios da legalidade e da moralidade. É obrigação da Câmara Municipal, enquanto instituição pública e Poder constitucionalmente estabelecido, zelar pelo erário público.
Por fim, o vereador Ivanildo termina o mandato como começou: desencontrado em sua desinformação. Desarrazoadamente, o vereador culpou a população pela renovação de 2/3 do parlamento juazeirense como se tal fato histórico fosse deplorável. E atribuiu tal renovação à falta de acompanhamento da transmissão das sessões da Câmara. Ou seja: ele e seus pares não foram reeleitos porque o eleitorado juazeirense não acompanhava o "grande" trabalho por eles desenvolvido.
Em sua miopia analítica, o vereador ainda não decodificou a mensagem das urnas. Os vereadores não reeleitos, em sua grande maioria, não o foram justamente pelo péssimo trabalho que fizeram ao transformar a Câmara local em uma Casa de ataques pessoais violentos e inaptidão legislativa, ou seja, justamente o contrário do que falou o vereador que sequer consegue entender a diferença entre Executivo e Legislativo.
Para abrilhantar a última sessão legislativa juazeirense com os louros do anedotário popular, o vereador nos presenteou com essa pérola: "todo domingo, os padre pedem pelos governante que samos nós" (sic). Uma excelente oração de fechamento.
Mas se os vereadores são os governantes, quem serão os vereadores? Glêdson Bezerra (PODE) e Tarso Magno (PP)? Obrigado, vereador Ivanildo, por nos informar com a sua desinformação. Que venham os(as) eleitos(as).