As eleições de 2024 trouxeram o PT como o grande derrotado no cenário nacional. Apesar de ter crescido em número de Prefeituras em relação a 2020, passou longe de 2012 quando conquistou o maior número de administrações públicas municipais.
Em 2012, o PT saiu com 635 Prefeituras sendo vitorioso em municípios com grandes populações, dentre estes, o maior do Brasil: São Paulo (SP). Em 2020, com 183. E agora, mesmo com o governo Lula e a debandada de prefeitos de outros partidos, notadamente o PDT, para a sigla lulista, só conquistou 252. Detalhe: Perdeu municípios de grande peso populacional, enquanto conquistou muitos detentores de populações reduzidas. Ou seja, o aumento do número de Prefeituras conquistadas não significou o aumento do eleitorado.
PT ficou na poeira do PL
O PL de Bolsonaro fez 516 prefeitos(as) conquistando mais que o dobro de Prefeituras do PT, sendo vitorioso em municípios com grande massa populacional.
Enquanto o PT só conquistou uma capital a duras penas e no segundo turno, Fortaleza (CE), o PL conquistou 4 capitais, incluso nesse rol duas do Nordeste: reelegeu JHC em Maceió (AL) e Tião Bocalom em Rio Branco (AC), ainda no primeiro turno (6 de outubro), e elegeu Emília Corrêa, em Aracaju (SE), e Abílio Brunini, em Cuiabá (MT), no segundo turno (27 de novembro).
Emília Corrêa é a primeira mulher eleita para comandar a Prefeitura sergipana.
No segundo turno, que acontece em municípios com 200 mil eleitores acima, a Prefeitura de 51 deles estiveram em disputa, sendo 6 vitórias do PL e 4 do PT.
SÃO PAULO REFLETE A RUÍNA PETISTA
Em 2012, quase todo o Cinturão Vermelho - designação dada à Grande São Paulo pelo domínio petista daquele ano - saiu das eleições com as Prefeituras conquistadas pelo petismo.
Já em 2020, o partido de Lula só elegeu 4 municípios na região. Mesmo assim, municípios com grandes contingentes populacionais: Mauá (418.281 hab.), Diadema (393.237 hab.) e Araraquara (242.228 hab.). A exceção, em número de habitantes, foi Matão (79.033 hab.).
Nas eleições deste ano, o PT manteve 4 municípios em São Paulo, mas perdeu grandes colégios eleitorais (Diadema e Araraquara) que foram substituídos por colégios eleitorais de pouco impacto: Santa Lúcia (7.149) e Lucianópolis (2.372 habitantes).
O fracasso do desempenho eleitoral do petismo paulista é o reflexo da descida de ladeira do partido em nível nacional.
PT por estados: Por que o Ceará salvou o PT da ruína nacional
PT por estado nas eleições 2024 (Tabela: SOVACO DE COBRA)
O PT aumentou o número de Prefeituras em 8 estados, diminuiu em 7 e ficou na mesma situação em 11, sendo que em 4 destes não fez NENHUMA Prefeitura (Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Roraima).
Dos estados em que o PT teve crescimento no número de Prefeituras conquistadas, Ceará, Piauí e Minas Gerais foram responsáveis pelos melhores resultados.
Na Bahia, o PT conquistou 47 Prefeituras, ou seja, 15 a mais que as 32 conquistadas em 2020. O que, aparentemente, configurou-se em uma vitória, em verdade, foi uma derrota, pois a volta de Lula para a presidência e a crise do PDT fez com que 16 prefeitos de outros partidos migrassem para o PT. Resumo: Nas eleições deste ano, o PT perdeu uma Prefeitura na Bahia.
Em Minas Gerais, apesar de ter aumentado o número de Prefeituras (7), o PT ficou em 10ª lugar (35), atrás do PL que chegou em 8ª (54).
O Piauí, por sua vez, segundo estado onde o PT teve o maior crescimento nas eleições municipais, não impacta o cenário nacional pelo número reduzido do seu eleitorado.
O Ceará foi, portanto, o estado que livrou o PT da completa execração nacional. Com o fortalecimento da vinda de prefeitos disputando a reeleição e candidatos a prefeito oriundos de outros partidos, com maciça presença dos oriundos do PDT, o Ceará, que tem um peso político e eleitoral importante no País, foi o que fez o maior número de prefeitos(as) petistas e o único estado onde o lulopetismo conquistou a capital.
Ipaporanga, município do oeste cearense que faz fronteira com Nova Russas, Crateús, Ararendá, Tamboril e Poranga e que tem aproximadamente 11.937 habitantes, apresenta emblematicamente a situação favorável do PT cearense. Lá, a legenda reelegeu o prefeito e elegeu todos(as) os(as) 9 vereadores(as), além do suplente Manoel Santana que obteve 405 votos. Esse Manoel Santana, entretanto, não é o ex-prefeito petista de Juazeiro do Norte.
Em outras palavras, o Ceará hoje é a fortaleza nacional do PT e Fortaleza expressa a fragilidade do partido no Ceará.
Quase enterrado em seu estado de origem, São Paulo, escanteado em São Bernardo do Campo, seu berço político, o PT hoje se reenergiza a partir da política cearense. É o enfermo sobrevivendo às custas do fragilizado.
Com vitórias importantes da oposição de centro e direita em Juazeiro do Norte, Iguatu e Sobral, o PT cearense ficou na peinha de perder em Fortaleza. Se cai no Ceará, enterra-se no Brasil.