O desempenho do PSDB em 2024 tem sido avaliado a partir dos fracassos em São Paulo: na capital, a candidatura a prefeito de José Luiz Datena ficou mais marcada por uma cadeirada do que pela competitividade ou pela votação obtida no primeiro turno (111.733 votos, 1,84% do total); na Grande São Paulo, a sigla comandará apenas um dos 39 municípios. Por outro lado, o partido comemora vitórias em Pernambuco, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
De acordo com Perillo, a ressaca das eleições tem sido um retorno ao planejamento no diretório nacional tucano. Além de avaliar caminhos para atrair novas lideranças competitivas para 2026, o partido terá reuniões para discutir a possibilidade de fusão com outras siglas ou para, ao menos, tentar aumentar a federação hoje formada com o Cidadania.
“Vamos avaliar o que é melhor para o conjunto de partidos menores. Buscaremos, em decisão com o Cidadania, aumentar nossa federação, vamos avaliar se dá para fazer fusão ou se não dá. Isso tudo está no radar”, disse o presidente. Possibilidades de fusão vêm sendo discutidas com siglas da centro-esquerda à centro-direita, como o Solidariedade, o PDT e o Podemos.
Líder do partido na Câmara, o deputado Adolfo Viana (PSDB-BA) afirmou estar confiante de que o aumento do número de siglas dentro da federação com o Cidadania acontecerá em breve. “É um dos caminhos para o desafio do partido de se fortalecer para 2026.”
Os votos que fizeram o PSDB eleger 523 prefeitos em 2020 se dissolveram neste ano por candidaturas de 16 siglas. Nesses municípios, os tucanos conseguiram manter apenas 24% das prefeituras conquistadas em 2020. Quem mais se beneficiou foi o PSD, que comandará 94 prefeituras onde os tucanos venceram quatro anos atrás. PL, com 59, e União Brasil, com 58, vêm na sequência.
Antes mesmo da eleição deste ano, o número de prefeituras tucanas já era bem menor do que o conquistado em 2020: durante os quatro anos de mandato, sobraram apenas 296 prefeitos do PSDB, debandada tratada como “vendaval” pela direção tucana.
Para o ex-governador de Minas Gerais e deputado federal Aécio Neves (PSDB), a sigla precisa agora manter-se distante da extrema direita e da extrema esquerda. “Temos a oportunidade de reconstruir nossa narrativa, nosso discurso, liderando ou participando de um projeto ao centro, que fuja do radicalismo e dos extremos”, afirmou.
O cientista político Creomar de Souza, da Dharma Politics, vê a sigla em risco de cair em um “ostracismo político” diante da queda de representatividade no País. “O declínio do PSDB tem um componente geracional. A geração que veio depois da geração de fundadores não conseguiu manter os rumos do partido. Em comparação com o que já foi, o PSDB ruma para uma situação de ostracismo político. A saída está em avaliar a perda de lideranças e rever processos de renovação interna.”