Dia 20 de maio de 2010. Começo de noite. Gilvan Luiz, editor e meu parceiro do Sem Nome, liga para mim e diz que foi sequestrado e pede para que eu vá para casa, pois a polícia seguirá para lá. Logo após a ligação, Gilvan desmaia.
Naquele dia, passamos a manhã e a tarde juntos vendo coisas relativa ao periódico Sem Nome, onde denunciávamos o governo municipal juazeirense de Dr. Santana (PT), e participando da sessão da Câmara Municipal. Fomos para um bar bem frequentado e, em seguida, Gilvan me deixou no bar de Tia Zefa. Seguiu para o Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA). Foi lá, à entrada, que homens encapuçados sequestraram Gilvan e o colocaram em um Santana branco com placa de Jardim/CE. Ao todo, quatro homens encapuzados dentro do veículo.
Colocaram o revólver na boca de Gilvan e deram coronhadas em sua cabeça - que depois levou 46 pontos - e em seus joelhos. Sabendo que a PM estava em diligência em busca de Gilvan, soltaram-no na Avenida do Agricultor e pularam várias vezes sobre suas costas. Esse caso de sequestro, tortura e quase assassínio praticado por pessoas do governo Dr. Santana (PT), em Juazeiro do Norte/CE, teve repercussão internacional.
Três pessoas foram indiciadas: dois guardas municipais que faziam a segurança pessoal do prefeito Dr. Santana, sendo um deles de Jardim, e o proprietário do veículo usado no sequestro, um funcionário do cartório de Jardim.
Giovanni Sampaio, atual vice-prefeito, era Secretário do prefeito Santana e, pelo fato de ser de Jardim e ter a má fama de atacar profissionais da imprensa, foi logo ligado ao crime, mas publicamente negou sua participação.
Dia 12 de julho de 2024. Toda a equipe de jornalismo da FM Sucesso foi demitida por imposição de pessoas ligadas ao candidato a prefeito de Juazeiro do Norte Fernando Santana (PT). Natan Tavares, Francisco Biá, J. Ribeiro, Carlos Juca e Cícero Nicácio foram demitidos por fazerem um jornalismo independente. O argumento que levou a essa atitude do diretor da rádio, o senhor Júnior Duarte, foi bastante convincente: ou muda a linha editorial do radiojornalismo da Sucesso ou a FM perde os patrocínios do governo estadual e da Assembleia Legislativa que é a instituição em que Fernando Santana é vice-presidente. Como diria minha tia velha que nasceu morta: Dá para entender ou quer que eu desenhe?
Ontem (24.08), fomos surpreendidos com a notícia de que Francisco Fabiano, o apresentador do maior programa radiojornalístico da FM Tempo, foi afastado pelo deputado Eunício Oliveira por cometer o mesmo "crime" cometido por Natan e sua equipe: ser independente. A suspensão seria apenas durante esse período eleitoral onde o candidato de Eunício ao Executivo juazeirense é Fernando Santana, mas Fabiano preferiu sair da rádio diante de tal ofensa ao seu profissionalismo e à sua trajetória na Tempo.
Dois Santana, várias vítimas. Mas as maiores vítimas dos Santana do PT em Juazeiro do Norte foram a democracia, a liberdade de expressão, a liberdade de opinião, o direito ao contraditório e o respeito ao público leitor e ao público radiouvinte.
Eu, primeiro pelo Sem Nome e depois pelo Sovaco de Cobra, também fui processado pelo ex-prefeito Dr. Santana - por quem não tenho nenhuma animosidade pessoal - e pelo Capitão Vieira (MDB), presidente da Câmara Municipal juazeirense, político que é defensor ferrenho de Fernando Santana. Santana este que, coincidentemente, assim como o outro, tem o apoio irrestrito de Giovanni Sampaio (PSB).
Portanto, não se iluda. Com Santana na Prefeitura é porrada e ditadura. Ou os meios de comunicação e os profissionais da informação se ajoelham rente ao chão ou acabarão excluídos, marginalizados, estigmatizados e, quem sabe, na cama para uma cirurgia ou dentro de um caixão. Exagero? Creio que não.