A sessão da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte/CE de ontem (25.06) foi mais uma demonstração de como a oposição, que compõe a esmagadora maioria dos vereadores (19 de 21), vem transformando as sessões da Casa em um palanque eleitoral antecipado.

O vereador Ivanildo Rosendo (MDB), que na semana passada afirmou que o prefeito Glêdson Bezerra (PODE) tinha procurado o ex-prefeito Zé Arnon (PSB) para que este indicasse o vice em sua chapa para a reeleição - fato desmentido categoricamente pelo atual gestor juazeirense -, ontem usou seu tempo para publicizar INSTITUCIONALMENTE um vídeo propagado pela oposição que mostra uma discussão entre Glêdson, à época presidente do Legislativo local, e o então vereador Tarso Magno, atualmente no PP. Uma prova inequívoca da utilização do parlamento para fins eleitorais. Aliás, o supracitado vereador é atualmente alvo de uma investigação do Ministério Público, juntamente com o presidente Capitão Vieira (MDB), sobre a utilização do programa Alcance da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (ALECE) em proveito eleitoral próprio.

Pergunta: Qual a relevância desse vídeo para os munícipes juazeirenses? Qual a relação desse vídeo com as atribuições inerentes ao cargo de legislador? Qual a interseção desse vídeo com os assuntos do parlamento juazeirense? É a denominada "Casa do Povo" um antro de picuinhas eleitoreiras ou uma instituição que tem por fim elaborar, propor e votar Leis, fiscalizar a res publica em seu âmbito constitucional e defender os interesses da população promovendo ações de interatividade que acepilhem o exercício da cidadania?

A sociedade juazeirense está vendo, extasiada, o parlamento juazeirense transformado em um espaço de aleivosias permanentes com ataques pessoalizadamente direcionados não só ao gestor, mas a seus familiares. Até mesmo uma suposta situação de natureza afetivo-sexual foi levantada em uma sessão da Casa. Imagine, caro(a) leitor(a), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) pegando o microfone para falar sobre uma suposta vida extraconjugal do presidente Lula ou da primeira-dama Janja. Imagine o deputado estadual Carmelo Neto (PL) pegando o microfone para falar sobre as supostas intimidades do governador Elmano de Freitas (PT). Questões desse tipo, se tem espaço para elas, são para as redes sociais.

A base parlamentar do prefeito Glêdson Bezerra, composta atualmente de 2 vereadores, é massacrada pela oposição parlamentar majoritária. Quiçá advenha daí a complacência da base em relação à campanha eleitoral, mesclada de elementos de imiscuidade pessoais, previamente estabelecida por vereadores oposicionistas. Quer fosse o contrário, quer os dois edis fossem os protagonistas de tais aberrações intencionais, já teriam seus nomes maculados na Comissão de Ética.

Até quando essa situação perdurará?