Dr. Santana e Fernando Santana. O mesmo sobrenome. O mesmo partido: PT. O mesmo foco: Juazeiro do Norte. A mesma base político-programática. Um ex-prefeito de Juazeiro do Norte/CE e o outro pré-candidato a prefeito de... Juazeiro do Norte. Por que será, então, que o Santana Fernando não lembra nem sequer do nome do Santana Dr.? Um pouco de história responde a essa pergunta, como será visto um pouco adiante.

O ex-prefeito petista Dr. Santana foi condenado ontem (15.05), juntamente com a Plannea - Cobranças & Contabilidade Ltda., a devolver à Prefeitura de Juazeiro do Norte o valor de R$ 180 mil. A decisão em primeira instância foi do Juiz de Direito Matheus Pereira Júnior da 3ª Vara Cível da Comarca de Juazeiro do Norte em resposta a uma ação popular movida pelo então vereador Tarso Magno que apontava fortes indícios de desvio de dinheiro público para uma empresa ligada a políticos do PT. E isso logo no segundo dia de governo do Dr. Santana.

Nas eleições de 2008, em Juazeiro do Norte/CE, o médico petista Manoel Raimundo de Santana Neto ganhou a Prefeitura disputando com o empresário tucano Manoel Salviano Sobrinho. Tal vitória provavelmente não teria acontecido sem o apoio de Raimundo Macêdo, o Raimundão, derrotado na convenção municipal do PSDB.

O novo prefeito Dr. Santana, como é mais conhecido, decretou, no dia 5 de janeiro de 2009, ou seja, seu 5º dia de governo, a destinação de R$ 80 mil, com dispensa de licitação, para a Plannea como pagamento de "assessoria e execução contábil", porém, conforme denunciado, esse dinheiro serviu para cobrir gastos de campanha do gestor municipal recém eleito. Conforme comprovado pelo então Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), esse valor foi acrescido até a soma de R$ 180 mil, valor que o Juiz mandou devolver ao Erário Público.

Tal processo entre a Prefeitura e a Plannea sofreu várias ilegalidades. Primeiro: O dono da Plannea, André Luiz de Paula, foi tesoureiro da campanha de Dr. Santana pela Coligação da Vitória do Povo, ficando notório o favorecimento. Segundo: O dono da Plannea é irmão da então Chefe de Gabinete Fátima Bandeira de Paula. Terceiro: Os empenhos foram feitos no dia 2 de janeiro antes mesmo de existir uma Comissão de Licitação que só foi nomeada no dia 6 de janeiro, ou seja, quatro dias depois. Quarto: As dispensas de licitação realizadas no dia 2 de janeiro e que favoreceram à Plannea foram totalmente ilegais.

Segundo o Parecer do Ministério Público e a posterior decisão do Juiz de Direito Matheus Pereira Júnior, a prática do então gestor petista aconteceu eivada de vícios e marcada pela ilegalidade, pelo direcionamento político e pelo prejuízo ao Erário Público. Daí a condenação.

Dr. Santana, como resultado de sua gestão como prefeito, sofreu e sofre outros processos já tendo sido condenado em alguns deles. Apesar de ser um excelente dermatologista, talvez o melhor do Cariri, não pode mais atender no serviço público.

Ao final de sua gestão, o prefeito Santana foi para a reeleição tendo por principal adversário Raimundão, o mesmo que o ajudou a chegar à Prefeitura e que foi por ele expurgado do governo. É histórico o fato de Dr. Santana ter proibido o médico Raimundo Macêdo de clinicar no Hospital Maternidade São Lucas. Mas em 2012 Raimundão foi à desforra vencendo Dr. Santana por quase 10 mil votos de diferença.

O novo Santana, o Fernando deputado estadual, quer desvincular seu nome do ex-prefeito Santana, pois sabe do seu passado à frente do Poder Executivo municipal e os processos que existem contra ele. Fernando quer que o povo juazeirense esqueça a gestão do PT em Juazeiro do Norte (2009-2012) para facilitar sua campanha a prefeito neste ano de 2024.

Entretanto, o PT cearense é o mesmo, a prática é a mesma e as pessoas são as mesmas. Dr. Santana pagou R$ 180 mil à empresa de André Luiz de Paula que é irmão de Fátima Bandeira de Paula que é casada com Joaquim Cartaxo que é amigo pessoal e correligionário político de Camilo Santana que apadrinha, acoberta e financia, com o dinheiro do estado, o deputado Fernando Santana.

Portanto, resumo da conversa: De Santana a Santana, todos são iguais e a verdade não engana.

P. S.: À época, o único meio de comunicação que denunciou o pagamento feito à Plannea foi o Sem Nome, periódico impresso feito por Gilvan Luiz e Fábio Souza Tavares (criador e editor do Sovaco de cobra).