Quando o vereador Darlan Lobo (PRD) perguntou, na sessão do dia 6 de fevereiro, onde estavam os demais assessores da Câmara que ultrapassavam - e muito - o número total dos 7 destinados a cada um dos vereadores, fê-lo com propriedade. Ao apontar a existência de fantasmas na Câmara Municipal de Juazeiro do Norte/CE, fê-lo com a moral de quem combateu isso como gestor legislativo e com o moral de quem tem a certeza em saber o que estava dizendo.
Durante sua última gestão à frente do Legislativo, Darlan combateu a tentativa de inchar a folha de pagamento dos servidores da Casa, bem como se negou a assinar diárias extras para colegas que foram para atividades em Brasília. Pautando-se pela austeridade, devolveu sobra vultosa do duodécimo ao Executivo.
Com o Capitão Vieira (MDB), a coisa se nos parece ser diametralmente oposta. E isso a própria denúncia do ex-presidente evidencia. Com 243 servidores indicados por motivo eleitoral ou parental, o que corresponde a 86% do total dos servidores da Câmara, o atual presidente desembolsará mais de R$ 4,5 milhões somente com o pagamento dos 203 assessores parlamentares que extrapolam o número destinado ao conjunto dos vereadores.
Isso sem falar nas diárias que, se receberem o mesmo tratamento que o Capitão dá à folha de pagamento, deve constituir-se em uma farra que, embora de pequena monta, na soma de tudo pode representar um bom gasto do dinheiro do contribuinte juazeirense.
Mas a diferença parece não estar tão somente na forma que os dois tratam as finanças da Casa legislativa. Parece haver também uma distinção na seriedade do enfrentamento às críticas e às polêmicas.
Darlan nunca recuou de uma contenda, mantendo firme a sua convicção em relação a seus pares. Capitão, por sua vez, mostrou recuos como, por exemplo, quando o vereador Márcio Joias o chamou de VENAL. O presidente disse que iria entrar com uma representação legal contra Márcio que, por sua vez, argumentou que mostraria às autoridades, em resposta a qualquer ação do Capitão, provas da acusação que fazia. O presidente, então, recuou. O que o motivou a tal recuo?
A eleição de Vieira à presidência da Casa está sofrendo uma ação do MPCE que a considera ilegal. Junto a isso, vereadores acusam essa eleição de ter sido comprada pelo deputado federal Yury do Paredão (MDB). Se isso for verdade, parece vir daí o fato de cada 10 palavras ditas pelo presidente do Legislativo juazeirense, 9 serem "Yury".
Esperemos, pois, pelos desdobramentos da ação do MPCE.