A União Europeia manifestou, este sábado (28.10), preocupação com as notícias de irregularidades nas eleições autárquicas de Moçambique, que se realizaram a 11 de outubro, e afirma estar a acompanhar de perto o rescaldo do processo eleitoral.
"A sociedade moçambicana mostrou-se ativamente empenhada e participou em grande escala", destaca, em comunicado, a União Europeia, manifestando depois preocupação com "as notícias de irregularidades", desejando que "estas sejam devidamente tratadas para garantir um resultado pacífico e satisfatório do processo eleitoral, no pleno respeito pelo Estado de direito e pelos princípios democráticos".
A União Europeia lamentou ainda a morte de duas pessoas durante as manifestações ocorridas em Nampula e em Nacala contra os resultados das eleições autárquicas. E apelou a todos os envolvidos para que "atuem de forma pacífica", e às autoridades para que "garantam o exercício seguro do direito à liberdade de associação e de expressão".
Em entrevista à DW, no início desta semana, Manuel de Araújo, destacado membro da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique, criticou fortemente o silêncio da União Europeia sobre as alegadas fraudes e violência no contexto das autárquicas no país. Manuel de Araújo disse não ter dúvidas que o gás de Cabo Delgado silenciou a União Europeia e teceu duras críticas às equipas de observação europeia.
Esta sexta-feira (27.10), dia a seguir ao anúncio dos resultados das eleições pela CNE, pelo menos 10 pessoas ficaram feridas e outras 70 foram detidas durante marchas de protesto contra os resultados das sextas eleições autárquicas em diversos pontos de Moçambique, segundo a polícia.
Partidos da oposição, sobretudo a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, têm promovido, um pouco por todo o país, marchas de contestação aos resultados das eleições de 11 de outubro, juntando milhares de pessoas que denunciam uma alegada "megafraude" no escrutínio.
De acordo com a legislação eleitoral moçambicana, os resultados do escrutínio ainda terão de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, máximo órgão judicial eleitoral do país.