Foram incendiados 13 veículos usados para o transporte de moradores de Campo Magro, na região metropolitana de Curitiba, por volta das 2h da madrugada de quinta-feira (2), no pátio da prefeitura do município.
Dois homens armados invadiram e renderam os vigias que faziam a segurança do local. Em seguida, atearam fogo nos ônibus e caminhões com coquetel molotov, de acordo com a prefeitura. No local, ainda foi pichada frase em protesto contra a polícia local: "A Roni executa, o estado finge que não vê".
Em entrevista à reportagem, o prefeito de Campo Magro, Cláudio Casagrande (PSD), diz acreditar que o incêndio tem relação com confrontos ocorridos na véspera. "É uma manifestação de pessoas que estão em uma invasão na cidade há um ano e meio. Na quarta-feira houve um confronto entre a polícia e os invasores, que deixou uma pessoa morta. O pátio tem 100 veículos, e conseguimos, por sorte, salvar muita coisa."
Ainda segundo a prefeitura, cerca de 200 famílias invadiram uma área de proteção ambiental. A reintegração de posse foi autorizada, mas. por conta da pandemia, a retirada das famílias ainda não foi realizada. "No nosso cadastro tem 500 famílias, mas muitas não vivem lá e, inclusive, algumas pessoas tentam vender os terrenos para se aproveitar da situação", diz o prefeito.
Três ônibus que foram destruídos pelas chamas eram usados para fazer o transporte de 89 crianças com deficiência, que são atendidas pela APAE da cidade. Os demais veículos eram utilizados pelas secretarias de Saúde, Obras, Agricultura e Defesa Social.
"O incêndio poderia ser ainda maior, já que o fogo não conseguiu se alastrar. Em um ônibus para cadeirantes, por exemplo, o fogo não se propagou, já que ele é adaptado e não tem tanto material inflamável. O prejuízo estimado é de R$ 7 milhões. É muita coisa para uma cidade pequena."
Além da destruição dos veículos, o prédio da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Saúde também foram pichados com ameaças durante a madrugada.
O delegado da Polícia Civil do Paraná Cassiano Aufiero afirma que as investigações já começaram. "Acompanhamos o caso desde a madrugada e já acionamos a Criminalística e o Instituto de Identificação. Já foram coletadas várias evidências, que serão confrontadas com alguns dados que possuímos. Tudo levar a crer que se trata de uma retaliação por causa de uma ação policial na madrugada anterior, contendo inclusive ameaças aos órgãos públicos."
Até agora, nenhum suspeito foi identificado.
Mesmo com os estragos, a administração municipal afirma que o transporte de passageiros está mantido, com outros veículos adaptados.