O inquérito acerca da Operação Públio Vatino acusa Darlan Lobo (PTB), o presidente ora afastado da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte/CE, de ser o chefe de uma organização criminosa, inserindo-o no chamado núcleo político-administrativo do esquema que lava dinheiro e desvia verbas públicas. Entretanto, a Werton Engenharia e Arquitetura Ltda. ME, empresa apontada como a principal nessa organização criminosa e inclusa no denominado núcleo econômico-empresarial da "quadrilha", não tem nenhuma ligação com Darlan. Ao contrário, tem ligação com o ex-presidente da Câmara Municipal e atual prefeito Glêdson Bezerra (PODE).

A empresa acusada pela Polícia Civil de participar ativamente da organização criminosa foi vitoriosa na licitação para a construção da primeira etapa da nova sede da Câmara Municipal que foi uma ação do então presidente da Casa Glêdson Bezerra (à época filiado ao PMN). Na licitação referente à segunda etapa da construção da Câmara quem ganhou foi a empresa Podium Empreendimentos Eireli - ME. Mas, não se sabe o porquê, essa empresa desistiu do empreendimento misteriosamente. Quem assumiu a continuidade da obra? Curiosamente a Werton.

Queimado no Poder Legislativo por ter traído todos os vereadores, sem exceção, Glêdson Bezerra não concorreu à reeleição à presidência e investiu tudo em seu projeto vitorioso de oposição. Mas Darlan, então presidente, diante de irregularidades da empresa em relação à obra, negou-se a pagar os serviços realizados. Para que os pagamentos fossem efetuados, mediante os empenhos realizados ainda pela administração de Glêdson, foi preciso uma intervenção do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) através de um Termo de Audiência Extrajudicial realizado no dia 8 de março de 2019 e assinado pelo Promotor de Justiça José Silderlândio do Nascimento, pelo então presidente da Câmara Rubens Darlan de Morais Lobo, pelos vereadores Márcio André Lima de Meneses (Márcio Joias), José Adauto Araújo Ramos, Glêdson Lima Bezerra e Damian Lima Calú. Podemos dizer, no popular, que Darlan foi obrigado a pagar à empresa contratada por Glêdson e que hoje é apontada como pertencente ao núcleo da organização criminosa.

Pergunto: Por que a empresa Werton Engenharia e Arquitetura Ltda. ME, de propriedade dos senhores Geraldo Eriberto Werton Cruz e Sávio Cidade Werton, apontada como parte da organização criminosa, não foi, em nenhum momento, beneficiada por Darlan Lobo, mas, ao contrário, sofreu com a recusa de Darlan que, diante de irregularidades - segundo ele - não quis pagar à referida empresa? Por que, também, a empresa que ganhou a licitação da segunda etapa de construção da nova sede da Câmara Municipal juazeirense, a Podium, misteriosamente abandonou seu compromisso sendo substituída pela mesma Werton que era contratada pela Prefeitura quando Glêdson Bezerra ainda tinha duzentas PORTARIAS e, por isso, defendia Zé Arnon e o blindava contra todas as denúncias?

Nunca vi, em toda a minha vida, um chefe de organização criminosa se negar a pagar a uma empresa do seu próprio esquema criminoso, como assim fez Darlan em relação à Werton. O interessante de tudo isso é que nenhum mandado de busca e apreensão foi solicitado contra a Câmara Municipal, mas somente contra a Prefeitura juazeirense. Será que estão querendo esconder alguma coisa da relação entre Glêdson Bezerra e a Werton Engenharia e Arquitetura Ltda. ME? Não quero reverberar vãs insinuações. Mas alguma coisa ficou entalada em minha frágil inteligência que não consegue entender como um suposto chefe de uma organização criminosa se opõe a irregularidades de uma empresa que pertence a essa mesma suposta organização criminosa.

Muita água ainda vai rolar. A correnteza ainda arrastará muitos galhos soltos.