Terra da Luz. Mar dos jangadeiros. Berço de Bárbara de Alencar e de Iracema. Paraíso da dunas e dos coqueirais. Ateliê das rendeiras e de Espedito Seleiro. Altar do Padre Cícero e do Padre Ibiapina. Palco de Chico Anysio e do Pessoal do Ceará. Cenário da luta abolicionista e da Padaria Espiritual. Hoje, infelizmente, um estado dominado pelas facções, pelo medo e pelas incertezas.
Depois do trágico dia em que 21 pessoas foram assassinadas só na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o governador Elmano de Freitas (PT) anunciou medidas de combate à violência como o chamamento de novos policiais militares e a mudança do Secretário de Segurança. Mas, até o momento, nada que modificasse o quadro construído por décadas de leniência e negociação com as facções onde uma das principais preocupações do governo estadual, sustentado por um viés ideológico, foi a garantia ao atendimento às reivindicações do crime organizado.
Só durante o governo Bolsonaro, o então governador Camilo Santana (PT) teve que recorrer 3 vezes à Guarda Nacional para que o narcotráfico não tomasse o controle do estado. Mesmo o governo negociando com a grande mídia tradicional cearense a supressão de programas televisivos e radiofônicos e notícias vinculadas à violência desenfreada no estado não teve como esconder a sangria e a corrente da realidade arrebentou com a passividade financiada dos grandes meios de comunicação.
Quinta- feira e sexta-feira (11 e 12.07), foram registrados dois homicídios e quatro pessoas baleadas - dentre elas, uma criança - no pequeno município litorâneo de Itarema, localizado no norte do estado.
Sábado (13.07), o PM David dos Santos Silva foi assassinado por tiros e machadada em Caucaia. Faccionados comemoraram com um festival de fogos de artifício nos bairros Marechal Rondon - onde o policial foi morto - e Jurema.
Na manhã de ontem (14.07), uma chacina vitimou 4 pessoas em Limoeiro do Norte, no Vale do Jaguaribe, enquanto a tarde registrou dois homicídios e mais duas pessoas feridas em um ataque a tiros no bairro Quintino Cunha, em Fortaleza.
O nosso querido Ceará hoje tem suas dunas e falésias marcadas por sangue. Famílias trabalhadoras são expulsas de suas casas, adolescentes são mort@s com um requinte de crueldade surreal e as chacinas se sucedem. É a violência das facções que comemoram quase duas décadas de diálogo "cabuloso" com uma forma de governar e de julgar que trata narcotraficantes como cidadãos de luxo.