A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma investigação sobre um esquema de envio de cocaína para a Europa através do Porto do Rio de Janeiro. O esquema criminoso envolveu integrantes da Polícia Civil. Os agentes públicos roubaram drogas de traficantes e foram classificados por um chefe do tráfico de “bando de ladrão”.
Um dos principais alvos da operação é o traficante Leonardo Serro dos Santos, conhecido como Jonny ou Carioca.
Investigado pela PF, o traficante Jonny, não se controlou e enviou mensagem para um integrante da quadrilha ao receber a informação que policiais civis da 25ª DP (Engenho Novo) apresentaram à imprensa apenas 220 kg de cocaína:
“Roubaram 280. Bando de ladrão fdp. Mas eles não sabem com quem estão brincando. Já estão vindo advs (advogados) para o RJ”, disse o indignado traficante.
De acordo com informações obtidas pela PF, a quadrilha atuava com o intuito de enviar 500 kg de cocaína para a Itália em 16 malas. Eles fariam o envio através de contêineres em navios. Contudo, a ação não teve êxito graças à ação da polícia.
Nesta sexta-feira (20/10), a PF realizou buscas na residência de quatro policiais civis suspeitos de estarem envolvidos no caso. O delegado Renato dos Santos Mariano é um desses suspeitos. A polícia acredita que esses policiais tenham interceptado o caminhão que transportava a droga na Avenida Brasil, próximo ao Complexo da Maré.
Os agentes não perceberam que estavam sendo seguidos por um motociclista ligado aos traficantes, que atuava como batedor da carga até o porto. Assim que o caminhão estacionou na 25ª DP (Engenho Novo), o “batedor” enviou uma foto do veículo para Jonny.
Os próprios criminosos foram, então, surpreendidos após os policiais civis apresentaram apenas nove malas com parte da droga apreendida. Dessa forma, houve suspeitas sobre possível desvio da apreensão dentro da Polícia Civil.
Posteriormente a isso, a PF iniciou investigações sobre a própria equipe da Polícia Civil. O “bando de ladrão” apontado pelo traficante seria, além do delegado Renato dos Santos Mariano, outros três policiais investigados: Hugo de Novaes Almeida, Ricardo Mendes Floriano da Silva e Cláudio José Silveira.
A Justiça decidiu bloquear R$ 5 milhões em bens do bando, sob a alegação de que esse seria o valor arrecadado pelos policiais com a venda da droga. Os policiais também usarão tornozeleiras eletrônicas até o fim das investigações.
Ocorreram buscas nas residências dos policiais, onde a PF apreendeu três carros, duas motos, R$ 70 mil em dinheiro, além de telefones celulares e documentos que podem servir como provas na investigação.
A Polícia Federal continua trabalhando no caso. Ela pretende identificar todos os envolvidos neste esquema de tráfico de drogas.