Ontem (30.01), a imprensa juazeirense foi surpreendida com um convite da Prefeitura municipal de Juazeiro do Norte/CE para uma coletiva das Secretarias de Educação e Infraestrutura para falar acerca da interdição do prédio da Escola de Ensino Fundamental João Alencar de Figueiredo, a segunda maior da rede de ensino público municipal. A referida unidade escolar tem 16 salas, 37 turmas e funciona nos três turnos, ficando o noturno destinado à Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A coletiva começou às 16 h, no prédio da escola, situado à Avenida Castelo Branco, em frente à Praça do Mateus. Além da presença dos Secretários Pergentina Jardim (Educação) e José Maria (Infraestrutura), do prefeito Glêdson Bezerra (PODE) e de um amplo setor da imprensa, participaram também técnicos da Secretaria de Educação (SEDUC) e professores da escola que contribuíram com o debate que se formou durante a coletiva. Representantes do SISEMJUN, sindicato dos municipários juazeirenses, chegaram perto do término do evento. Estiveram também presentes, desde o início, o professor Marcondes Landim, membro do Conselho Municipal de Educação, e o diretor da referida unidade escolar, o senhor Auricélio Alves.
Auricélio Alves, diretor da EEF João Alencar de Figueiredo (Foto: Fábio Souza Tavares)
Professores da EEF João Alencar de Figueiredo (Foto: Fábio Souza Tavares)
Membros da imprensa e técnicos da Secretaria de Educação (SEDUC) (Foto: Fábio Souza Tavares)
A Secretária Pergentina abriu a coletiva falando do comprometimento da estrutura física do prédio e da necessidade de remanejamento dos estudantes do João Alencar para outras escolas próximas: os sextos Anos para a EEF Demóstenes Ratts Barbosa (Pirajá), os sétimos e os oitavos Anos para a EEF Profª Iva Emídio Gondim (João Cabral) e os nonos Anos para a EEF Antônio Bezerra Monteiro (Timbaúbas).
O Secretário José Maria detalhou os problemas infraestruturais detectados e sua progressão: a existência de fissuras que se transformaram em trincas que, progressivamente, transformaram-se em rachaduras. Foi diagnosticado uma patologia devido, provavelmente, à baixa compactação do solo e a escassez de vergas, o que tornou o prédio suscetível a movimentações em sua estrutura que acabaram por comprometê-lo.
Rachadura na parede externa da escola (Foto: Fábio Souza Tavares)
Rachadura na parede interna da escola (Foto: Fábio Souza Tavares)
Rachadura no piso da quadra da da escola (Foto: Fábio Souza Tavares)
Afundamento do piso de uma sala de aula da escola (Foto: Fábio Souza Tavares)
O prefeito Glêdson Bezerra (PODE) disse que a providência, depois do remanejamento, é comprar um terreno para construir um prédio próprio para o João Alencar, já que o local onde funcionou até o presente mês é do estado. Ressaltou que uma nova reforma no local não seria viável, uma vez que já foi gasto aproximadamente R$ 1,5 milhão na reforma do prédio em 2020, quando ainda não apareciam os sinais de problemas estruturais.
Glêdson disse que a interdição e o remanejamento são medidas responsáveis, pois a permanência de alunos, professores e funcionários no local poderia resultar em mortes futuras e que ele, como gestor, não quer responder por crime de dolo eventual. Portanto, para preservar vidas evitando uma tragédia, o caminho a seguir é o que está sendo proposto pelo governo municipal.
Questionamentos...
Delton Sá, da Vale FM, questionou se em vez de comprar um terreno não seria melhor construir o novo prédio da escola João Alencar no terreno contíguo ao Terminal Rodoviário de Juazeiro do Norte, já que pertence à Municipalidade.
O professor Luciano Castro disse que, com essa, será a terceira vez que a escola muda de local, o que representa um histórico negativo para a instituição. Luciano disse que é necessária uma solução definitiva.
Professor Luciano Castro (Foto: Fábio Souza Tavares)
A professora Isabel Vieira também fez um breve histórico da unidade escolar que teve que mudar de local pela primeira vez devido à construção do então prédio da Secretaria de Segurança Pública (SESP) e pela segunda vez para dar espaço à ampliação do estacionamento do Romeirão. Lembrou que acreditaram nas promessas do então prefeito Zé Arnon (à época PTB) e do então governador Camilo Santana (PT) que assumiu o compromisso de remanejá-los para onde funciona o Colégio Militar - já que construiria um novo prédio para esta instituição -, mas acabou tudo em pura demagogia. Isabel, embora entendendo a necessidade da medida anunciada, ressaltou que a dispersão do corpo discente da escola em três escolas diferentes é prejudicial e que o prefeito não deixe para iniciar a construção do novo prédio em ano eleitoral.
Relembrou também que o prédio atual da escola João Alencar já tivera sua estrutura física condenada quando lá funcionavam os cursos de Artes Ciências e Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri (URCA) e a Lira Nordestina.
Professora Isabel Vieira (Foto: Fábio Souza Tavares)
...e respostas
O prefeito Glêdson respondeu a Delton Sá que o terreno contíguo ao Terminal Rodoviário já está destinado a um projeto de construção de um terminal de transporte interbairrial que integrará as linhas municipais de ônibus e funcionará através do bilhete único, uma proposta interessante para a população juazeirense.
Também disse, em resposta à professora Isabel, que a solução da interdição do prédio e remanejamento dos alunos são as medidas corretas, pois não pode colocar alunos, professores e funcionários sob o risco de morte. Isso o faria responder por crime de dolo eventual. Ressaltou ainda que a construção do novo prédio da escola srá iniciada ainda este ano.
A Secretária Pergentina disse que existe respeito da SEDUC pelos professores e que está aberta a propostas da categoria.
Uma última pergunta
Ao término da coletiva, o Sovaco de Cobra procurou o Secretário José Maria. Perguntei se por ocasião da reforma do prédio em 2020, o Secretário e sua equipe técnica sabia do histórico de problemas estruturais do local.
A resposta do Secretário de Infraestrutura foi simples e esperada: "Não". Tanto é que do montante investido na reforma do prédio somente pouco mais de 2% foram gastos em questões estruturais. Segundo José maria, quando a reforma começou, o prédio não apresentava sinais de que poderia ter a sua estrutura comprometida.