A psicóloga Nayra Gonçalves Bezerra de Menezes, servidora do CAPSi/CAPTEA de Juazeiro do Norte/CE, decidiu excluir o paciente infantil Carlos Abel Rodrigues da Silva Júnior, de 6 anos, do tratamento individual semanal e colocá-lo em terapia de grupo quinzenal.
A acadêmica de Direito Francisca Gomes de Lima, mãe do menino, foi informada da alteração pela própria psicóloga no dia 18 de janeiro. Contrariada com a decisão, fez a denúncia à Ouvidoria da Secretaria de Saúde (SESAU) do Município.
Segundo a psicóloga, em sua resposta à Ouvidoria, o redirecionamento do plano terapêutico de Carlos Abel "foi revisado e aprovado por equipe multiprofissional" que não encontrou características de autismo (TEA) na criança, sendo identificada somente a "HIPÓTESE" de TDA (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade e Impulsividade). Daí a tomada de decisão.
Entretanto, um laudo recente do psiquiatra infantil Dário Sampaio, do dia 9 de agosto de 2022, apresenta a criança com "prováveis diagnósticos de F90, F91 e F84" que estão associados ao TDA e ao TEA.
Ainda em sua resposta, a psicóloga afirma que a senhora Francisca Gomes tem gerado "constantes conflitos e reclamações" com a equipe multiprofissional "que desgastam a relação terapêutica" e que, "Diante do exposto, (...) a continuidade do atendimento torna-se inviável". A profissional recomenda, então, que a mãe da criança procure outros profissionais.
Francisca Gomes é conhecida, dentre outras coisas, pela aprovação de Leis municipais direcionadas aos direitos das crianças com necessidades especiais, bem como por realizar uma fiscalização permanente nos serviços públicos destinados a esse público específico no Município, denunciando o descompasso entre os serviços oferecidos e o que preconiza a Lei.
Portanto, qual o verdadeiro motivo da dispensa do tratamento individual semanal para o pequeno Carlos Abel? É o fato dele não ter autismo - segundo relata a psicóloga - ou o fato da mãe da criança realizar uma fiscalização permanente sobre os serviços oferecidos?
Para Francisca Gomes, o pano de fundo dessa situação é o fato da SESAU não poder atender à alta demanda de crianças com necessidades especiais em Juazeiro do Norte. Uma maneira de resolver a situação seria, então, precarizar o atendimento direcionando as crianças para terapia grupal quinzenal. Essa seria uma forma de inserir mais crianças no atendimento oferecido. Entretanto, uma questão primordial deve ser respondida: Essa solução não prejudica o resultado terapêutico das crianças? Eis a questão.