Certa vez fiz uma live com Glêdson Bezerra (PODE), então candidato a prefeito, sobre ética e transparência na administração pública. Na ocasião, levantei questionamentos sobre os princípios constitucionais básicos da área: publicidade, legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência. O candidato Glêdson os defendeu. Mas o prefeito Glêdson, uma vez na cadeira do Executivo, fez questão de atacá-los e jogá-los para baixo do tapete. Um dos casos mais gritantes da atual gestão do Poder Executivo juazeirense é o nepotismo escancarado e tão demagogicamente combatido antes pelo atual gestor.
Temos instituída no Poder Executivo de Juazeiro do Norte/CE a República dos Lima & Oliveira. Uma verdadeira afronta à Súmula Vinculante 13 do STF que proíbe a nomeação e contratação de parentes por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau.
Dos cargos comissionados da família de Glêdson, o mais importante é o de sua segunda mãe, como ele a denomina, a senhora Rita de Cássia de Souza, nomeada Agente Pagador do Tesouro, com a matrícula 91427. Atenciosa e solícita, é a verdadeira Tesoureira da Prefeitura, funcionária da Secretaria de Finanças (SEFIN). Por suas mãos passam todos os pagamentos. Tem um salário de R$ 10 mil.
No Gabinete do Prefeito, encontramos Josineide Pereira de Sousa Lima, nomeada Secretária Especial de Articulação do Prefeito, com a matrícula 90773. Josy, como é conhecida, é simpática e solícita. É casada com o primo do prefeito. Foi colocada na condição de Secretária Especial para receber salário de R$ 10 mil. Também no Gabinte, sob a matrícula 90095 e com o cargo de Coordenadora de Atendimento, Patrícia Urbana da Costa, prima de Glêdson. Salário: R$ 2.500,00.
Com a matrícula 94788 e lotado na Secretaria de Administração (SEAD), o primo do prefeito, Hidelande Leite Lima, ocupa o cargo de coordenador de transporte. Hoberlande Leite Lima, outro primo, ocupa o cargo de Coordenador de Enfermagem sob a matrícula 93932 e com um salário de R$ 2.500,00.
Lotada na Secretaria de Saúde (SESAU) como Diretora Administrativa sob a matrícula 91049 e com um salário de R$ 3 mil, a senhora Sancha Maria de Sousa Pereira, prima da mãe de Glêdson. Sancha é responsável pelo setor de Traumatologia. Seu filho, também comissionado, recentemente foi denunciado por usar no dia a dia uma moto da Secretaria de Segurança Pública (SESP) mesmo não sendo guarda civil metropolitano nem agente de autoridade de trânsito.
Existem vários outros familiares de Glêdson na Prefeitura, como é o caso de Júnior, lotado na Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho (SEDEST) e que leva o carro da Secretaria para sua casa, utilizando-o em horários não direcionados ao trabalho.
Na Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos (SEMASP), sob a matrícula 93475 e ocupando o cargo de coordenador de parques, praças e jardins, com um salário de R$ 2.500,00, encontra-se Edson Barroso Lima, primo de Glêdson, filho do irmão de Elizabeth, a mãe do prefeito. A esposa de Edson, a senhora Ângela Rosa Ribamar Lemos Lima, é Coordenadora do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) da SESAU com um salário de R$ 2.500,00.
Entretanto, de todos os familiares do prefeito, a senhora Elizabeth Oliveira, sua mãe, é a que possui mais poder dentro da Prefeitura. Sem possuir nenhum cargo, é um exemplo claro de ingerência política maternal no governo municipal juazeirense. Conhecida como "dona do Estephânia", Elizabeth tem acesso total não só à Secretaria de Saúde como também a outras Secretarias, como é o caso da Secretaria de Educação (SEDUC) e da SEDEST. No início da gestão, Elizabeth foi gravada comandando uma reunião em uma sala da Policlínica Geraldo Menezes Barbosa (Estephânia) onde dizia que a rachadinha seria uma prática na gestão do seu filho. No início deste mês, foi lançada por Glêdson como pré-candidata a deputada federal. Ao que tudo indica, a candidatura terá dinheiro oriundo de práticas nada lícitas.
O governo Glêdson Bezerra (PODE/PSD) me remete a uma piada. Ao olhar para um organograma fixado à parede do Gabinete, um visitante pergunta ao prefeito: "É uma árvore genealógica?". O chefe do Executivo responde: "Não. É o organograma da Prefeitura". E vão comendo, Lima e Oliveira!