Ontem (29) pela manhã, a partir das 9 h, mães de crianças com necessidades especiais começaram a se concentrar à frente do Colégio Militar de Juazeiro do Norte/CE, de onde desceram até a Secretaria de Saúde (SESAU) reivindicando a continuidade do tratamento de seus filhos e suas filhas através do Instituto Mão Amiga que venceu o chamamento público no Município.

Mães se deslocaram para a SESAU no carro de som (Foto: Fábio Souza Tavares)

Com a chegada de mais mães, aproximadamente 9 h 30 min, as manifestantes se deslocaram para a SESAU. Animadas, gritavam palavras de ordem como "O Instituto fica" e "Tratamento sim".

A acadêmica de Direito Francisca Gomes explica as reivindicações das mães para a população (Foto: Fábio Souza Tavares)

Com cartazes, faixa, cruzes e um caixão simbolizando a morte da Saúde Pública em Juazeiro do Norte, as mães deixaram claro que nesses três meses de atuação do Instituto Mão Amiga no Município, pela primeira vez suas crianças tiveram um tratamento digno com uma equipe interdisciplinar de grande qualidade profissional, inclusive com a oferta de uma neurologista infantil de renome, profissional que não existe na Saúde juazeirense.

Alguns pais e crianças também participaram da manifestação (Foto: Fábio Souza Tavares)

As mães deixaram claro seu medo de ver a saúde de seus filhos, que teve um considerável progresso em apenas três meses da presença do Instituto, retroceder. Isso porque o governo Glêdson Bezerra (PODE), além de não pagar um único centavo pelo trabalho de qualidade desenvolvido pelo Mão Amiga, também decidiu não dar continuidade à parceria, mesmo a Secretária de Saúde Francimones Albuquerque reconhecendo publicamente a qualidade e a capacidade de atendimento da organização.

A advogada das mães, Dra. Gessiane Oliveira, esclareceu os direitos legais das crianças com necessidades especiais (Foto: Fábio Souza Tavares)

As mães se revezaram no microfone e gritaram palavras de ordem em defesa da continuidade do tratamento e da Clínica Mão Amiga. Por diversas vezes, a Secretária foi chamada a ir até as mães e esclarecer a situação. Francimones, entretanto, não se encontrava na SESAU. Depois de quase duas horas, Francisca Gomes, a organizadora do movimento, e a advogada das mães, Dra. Gessiane Oliveira, foram recebidas por Luana, representante da Secretaria.

Mães exigem da Secretaria de Saúde a continuidade do tratamento de suas crianças através do Instituto Mão Amiga (Foto: Fábio Souza Tavares)

Depois de quase meia hora de conversa com a senhora Luana, Francisca trouxe a resposta da SESAU, o que deixou as mães muito apreensivas. Segundo Francisca, o Município não continuará mais com o Instituto Mão Amiga. O atendimento das 125 crianças acolhidas pela organização passará a ser realizado pelo Instituto Heitor Coelho.

A resposta desagradou profundamente as mães que sabem que o Instituto Heitor Coelho não tem capacidade para realizar tal atendimento. Assim, o próximo passo das mães será procurar o Ministério Público estadual (MPCE) e o Ministério Público Federal (MPF), pois já passou da hora do governo Glêdson Bezerra deixar de prevaricar em relação à saúde das crianças com necessidades especiais. A postura do governo municipal é desumana, é negligente e é ilegal.

Caixão levado pelas mães ilustra a atual realidade da Saúde Pública municipal juazeirense (Foto: Fábio Souza Tavares)