No dia 8 de novembro, fiz uma matéria sobre o filho do serralheiro Cícero Anderson que morreu no ventre da mãe por, segundo a família, negligência do Hospital Maternidade São Lucas. Hoje (23), um mês e cinco dias depois, sou obrigado a falar sobre uma nova morte de uma criança no ventre da mãe onde a família também culpa a negligência do São Lucas. A mãe dessa nova tragédia é Carla Jennifer, de 21 anos. Ao que parece, a primeira morte não serviu de alerta.

Com a Organização Social (OS) Instituto Diva Alves do Brasil (IDAB) à frente da administração do Hospital Maternidade São Lucas e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Limoeiro, empresa esta travestida de ente sem fins lucrativos e que esteve envolvida no gigante esquema de corrupção que resultou na cassação do ex-governador Witzel, no Rio de Janeiro, e que responde a mais de cem processos trabalhistas, não poderíamos esperar outra coisa. Como já ficou documentalmente comprovado, o IDAB hoje é uma empresa que rouba milhões da Saúde Pública da população juazeirense com o total apoio da Secretária de Saúde Francimones Albuquerque e do prefeito Glêdson Bezerra (PODE) que vai às rádios dizer que a empresa presta um grande serviço ao Município. Quanto disparate!

A SESAU está manchada de sangue. Quantos filhos serão natimortizados pela prevaricação da Secretaria e do governo municipal? Quantos bebês precisarão sofrer ou morrer; uma grávida terá que sofrer e morrer para que seja tomada alguma providência, inclusive pelo Ministério Público? Não é do nada que Juazeiro do Norte, na atual gestão, tornou-se o segundo município cearense em péssimo atendimento à saúde das grávidas. Ou, colocando de outra maneira, o 183º município de pior atendimento, nesta área, dentre os 184 que compõem o estado do Ceará. A administração do prefeito Glêdson Bezerra, representada pelo IDAB nos supracitados dois equipamentos de Saúde, é uma vergonha total, um verdadeiro caso de polícia.

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS OU DEPOIS DA QUEDA VEM O COICE

Recentemente, depois de ser enquadrada pela promotora Alessandra Magda, a partir da denúncia da acadêmica de Direito Francisca Gomes, pelo fato de negligenciar o atendimento a crianças com necessidades especiais, a SESAU, particularmente o setor de Saúde Mental, procurou afastar a pecha de prevaricadora (que não cumpre com suas atribuições ou age em sentido contrário a elas) através de um chamamento público para trazer uma instituição que pudesse atender aos critérios de credenciamento de unidade de reabilitação para pessoas com deficiência em Juazeiro do Norte/CE. Nesse processo, sagrou-se vitoriosa a OS Instituto Mão Amiga, presidida pelo senhor Euler Costa.

A princípio, esperava-se atender a quatrocentas crianças, mediante demanda apresentada. Mas, surpreendentemente, o contrato, de apenas três meses, seria para atender a somente... 70 crianças!!!!

Em determinada ocasião, a própria Secretária Francimones participou de uma entrevista em uma rádio local dizendo que a Mão Amiga já estava atendendo a 120 pacientes e que tinha capacidade para atender a 700 pacientes, inclusive ressaltando que a plataforma jurídica da entidade respondia a todos os critérios exigidos pela Lei, ou seja, encontrava-se regularizada e completamente habilitada a atender pelo credenciamento. Entretanto, a entidade foi contemplada, formalmente, com o atendimento de apenas 10% da demanda apresentada, ou seja, 70 pacientes.

A relação entre SESAU e entidade, pelo lado da Secretaria, nunca foi transparente. Isso porque, em verdade, o real interesse do governo municipal era - e é - tão somente iludir o Ministério Público e dar uma falsa satisfação à população.

O referido instituto prestou um trabalho primando pela excelência, trazendo ao Município, inclusive, uma neuropediatra de renome, a Dra. Patrícia Arraes. Para que você tenha ideia, a rede pública de Saúde municipal não tem uma única neuropediatra.

Com a proximidade do encerramento do contrato de três meses, que ocorrerá agora no dia 31 de dezembro, o Mão Amiga tentou contato, através de vários ofícios protocolados, para saber acerca do aditivo do contrato estabelecido, mas a SESAU não não deu nenhuma resposta e, o pior, não pagou um único centavo pelo trabalho de qualidade realizado durante o período.

Diante dos fatos, o presidente Euler Costa, em um evento informativo (VEJA AS FOTOS), conversou aberta e francamente com as mães beneficiadas pelo trabalho do instituto e apresentou a real situação. ESSE ENCONTRO SERÁ VEICULADO HOJE À NOITE, A PARTIR DAS 20 h, EM NOSSA WEB TV, AQUI MESMO EM NOSSO PORTAL DE NOTÍCIAS.

As mães, que reconhecem o que significa os serviços do Mão Amiga no Município, mostraram-se indignadas com a postura do governo municipal e muito preocupadas com o futuro de suas crianças.

Infelizmente, hoje, o Município, através de um governo que proclama prodígio mas só semeia caos, é conivente com uma OS que subtrai milhões da Saúde Pública, mas se contrapõe a uma OS que desenvolve um trabalho com primazia e responsabilidade social.

Esperamos que aja com presteza a mão do Ministério Público.

(Fotos: Fábio Souza Tavares)

Euler Costa, presidente do Instituto Mão Amiga