Em Juazeiro do Norte/CE crime é Lei porque parece imperar a Lei do crime. Sem nenhum mecanismo institucional que fiscalize as atividades do Poder Executivo municipal juazeirense, o governo Glêdson Bezerra, com um falso discurso de ética, transparência e honestidade, "faz e acontece". Um exemplo disso é o simples e absurdo fato da mãe do prefeito, sem nenhum vínculo empregatício com a Prefeitura, atuar por dentro do organograma administrativo da Prefeitura local como uma Super Secretária Honorífica, dando ordens, determinando ações e locando e realocando funcionários públicos municipais à sua vontade.
No início de março, a senhora Elizabeth Oliveira, mãe do gestor do Município, foi gravada em uma reunião que fez com funcionárias da Saúde na Policlínica Geraldo Menezes Barbosa dizendo que no governo do seu filho haveria "rachadinhas" na Saúde. Também, em algumas ocasiões, foi vista dizendo que na Prefeitura de Juazeiro "quem manda é a gente" [elas].
Ao menos em três Secretarias, Elizabeth tem salas à sua disposição para realizar as reuniões que lhes aprouver: Secretaria de Educação (SEDUC), Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho (SEDEST) e Secretaria de Saúde (SESAU). E é justamente nessa última onde ela promove maior ingerência política.
A senhora Francinaide, que não aparece na lista de contratados da atual gestão porque está na imensa lista de cargos comissionados - o prefeito só fala da lista de contratados -, foi nomeada no dia 1º de janeiro de 2021 como funcionária da SESAU. Coincidentemente, por uma questão de ordem alfabética, seu nome aparece logo abaixo do nome da Secretária de Saúde Francimones Rolim de Albuquerque.
No dia 6 de julho, a senhora Francinaide foi exonerada do seu cargo original, sendo nomeada no dia seguinte para ficar à frente da central de marcação de consultas e exames. A marcação, que já vinha acontecendo de maneira desastrosa - diferentemente de quando a central estava sob o cuidado de Isabela e a população era atendida de segunda a sexta -, piorou consideravelmente sob o comando da referida funcionária.
Acontece que seguindo uma orientação de alguns vereadores, a SESAU transferiu a marcação para os PSFs situados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Então, o que seria para desburocratizar através da descentralização, democratizando o acesso e facilitando a vida da população, tornou-se uma nova tormenta para o povo juazeirense. O que antes, à época de Arnon, poderia ser resolvido em uma manhã, agora leva de um a dois meses para ser resolvido. As marcações saem dos PSFs para a SESAU sem data de retorno, atrasando a vida da população juazeirense e agravando o quadro das doenças.
Como se a situação não pudesse piorar, a própria SESAU colocou um aviso dizendo que atenderia às pessoas às sextas-feiras, das 7 h 30 min às 11 h 30 min. Vislumbrou-se, enfim, uma possibilidade de agilizar as marcações. Engano. O atendimento da central de marcação no referido dia e horário é tão somente para informar que... não pode realizar a marcação que só pode ser feita através dos PSFs. Isso é que é brincar com a população carente e sofrida.
Estive na sala de atendimento ao público da central de marcação - que durante a semana é uma sala fantasma - na última sexta-feira (3) para marcar exames e uma consulta para minha mãe. A funcionária que me atendeu, antipática e concisa, disse que ali não era espaço para marcar consultas e exames e colocou a culpa da incompetência da SESAU e do setor específico na população: "Foi o povo que quis assim", concluiu abruptamente. Esse é o tipo de funcionária contratada ou nomeada pelo prefeito Glêdson Bezerra?
Segundo me informaram, a forma com que fui tratado pela funcionária é a mesma com que a senhora Francinaide trata as demais pessoas do povo. Claro que já ouvi falar que a postura do comandado reflete a postura do comandante, mas esperava um pouco mais de empatia, um atendimento minimamente humanizado.
Ainda segundo fontes seguras, a senhora Francinaide é indicada por Elizabeth para a função e é por ela protegida. Temos então, um bom roteiro para uma tragicomédia policial: ingerência política, prevaricação, incapacidade dialogal e a enorme capacidade de ocupar o tempo das pessoas com todas as informações desnecessárias que só servem para o nada.
Ministério Público, o que está acontecendo? Será que terá que acontecer uma tragédia para que ações sejam tomadas? Como é duro constatar que o cágado administrativo que conhecemos vive sempre tentando alcançar a marcha lenta do próprio rastro.
