Em tempo de Inteligência Artificial é preciso o máximo de cautela. Encontrei nas redes sociais algo que me surpreendeu em relação à ExpoCrato. Consultei o Diário Oficial do Estado do dia 12 de julho de 2024 e encontrei em seu caderno 4, ao final da página 205, o Contrato de Patrocínio Nº 001/2024, no valor de R$ 11 milhões, para a Associação de Apoio, Defesa e Cidadania dos Homossexuais do Crato e Região do Cariri (ADACHO). O contrato foi assinado no dia 11 de julho pela Secretária de Cultura Yrwana Albuquerque Guerra e pelo representante da entidade Alan Neto Ferreira. Objeto do contrato: A REALIZAÇÃO DO EVENTO FESTIVAL EXPOCRATO 2024.
Este ano, quem está à frente da organização do evento é o empresário e deputado federal Yury do Paredão (MDB) que foi eleito pelo PL e depois de conversas de bastidores fez o L ainda no começo de seu mandato.
Por que Yury escolheu a ADACHO, uma entidade cuja finalidade é a luta em defesa da comunidade LGBTQIA+ e que não tem estrutura para montar um megaevento como o Festival da ExpoCrato? Por que não foi chamada uma empresa com experiência nesse tipo de evento? E por que a Secretaria de Cultura estadual não fez nenhuma objeção ponderando sobre a relação entre a finalidade, o capital e a estrutura da empresa e a grandeza do evento patrocinado? Afinal, R$ 11 milhões não são R$ 11 mil.
A ADACHO, fundada em 2004, tem como sede uma casa simples no Mirandão. Nada que justifique o patrocínio milionário. Provavelmente, a entidade também não tem capital financeiro para realizar o megaevento, o que seria necessário, já que a vigência do contrato é de sessenta dias, ou seja, o repasse da verba não é instantâneo, não é no vapt vupt. Isso me leva à pergunta: O que está por trás desse contrato? Afinal, como disse certa vez um economista estadunidense, "DINHEIRO NÃO VIAJA DE GRAÇA".
Evidentemente esse patrocínio cobrirá todas as despesas do Festival - com sobra - e também explica porque 90% do espaço onde acontecem os shows é de área gratuita para essa parte do público. Mas como foram e estão sendo pagas as despesas antes do repasse da verba estadual? A ADACHO tem capital para cobri-las? É bom lembrar que da última vez que o empresário - e hoje deputado - Yury esteve participando da organização do JuaForró, em Juazeiro do Norte, o evento foi extinto e seus organizadores foram alvos da Justiça.
No dia 2 de dezembro de 2022, Yury também foi alvo da Polícia Federal (PF) por possíveis crimes licitatórios em contratos da Prefeitura de Ouricuri/PE.
Que tudo seja explicado a contento - se é que será. Que o Festival ExpoCrato não tenha o mesmo destino do JuaForró - que felizmente foi resgatado pelo governo Glêdson Bezerra (PODE).
Aliás, falando em Juazeiro do Norte, por que será que o governo estadual tem R$ 11 milhões de patrocínio para o Festival ExpoCrato e não tem sequer R$ 1 milhão para a reforma do Memorial Padre Cícero, do Restaurante Popular ou do Cemitério São João Batista, equipamentos para os quais estabeleceu convênios não cumpridos? Ah, quase que esqueço! O prefeito do Crato é petista, Yury é sombra do petismo e seu candidato em Juazeiro é Fernando Santana (PT). Para os aliados, tudo; para a população juazeirense, nada.
P. S.: Por que esse é o primeiro contrato de patrocínio da Secretaria de Cultura em 2024, às vésperas das eleições?