O réptil é um jacaré caiman, endêmico do México e da América Central. Sosa jurou ser fiel à “princesa”, como o folclore local costuma chamar a noiva. “Eu aceito a responsabilidade porque nos amamos. Isso é o que é importante. Você não pode ter um casamento sem amor... eu me rendo ao casamento com a princesa”, disse o prefeito durante o ritual.
O casamento entre um homem e uma fêmea jacaré acontece no povoado há 230 anos para comemorar o dia em que dois grupos indígenas fizeram as pazes - com um casamento. A tradição diz que os atritos foram superados quando um rei Chontal, hoje encarnado pelo prefeito, casou-se com uma princesa do grupo indígena Huave, representada pelo jacaré fêmea.
O casamento permite que os lados “se liguem ao que é o emblema da Mãe Terra, pedindo ao todo-poderoso a chuva, a germinação da semente, todas aquelas coisas que são paz e harmonia para o homem Chontal”, explica Jaime Zarate, cronista de San Pedro Huamelula.
Antes da cerimônia de casamento, o réptil é levado de casa em casa para que os habitantes o peguem nos braços e dancem. O jacaré veste uma saia verde, uma túnica colorida bordada à mão e um cocar de fitas e lantejoulas. O seu focinho é fechado para evitar contratempos pré-matrimoniais.
Mais tarde, ela é vestida com um vestido de noiva branco e levada à prefeitura para o abençoado evento. Como parte do ritual, Joel Vasquez, um pescador local, lança sua rede e entoa a esperança da cidade de que o casamento traga “boa pescaria, para que haja prosperidade, equilíbrio e formas de viver em paz”.
Depois do casamento, o prefeito dança com a noiva ao som de música tradicional. “Estamos felizes porque celebramos a união de duas culturas. As pessoas estão contentes”, disse Sosa à AFP. Enquanto a dança termina, o rei dá um beijo no focinho da “princesa”.