A Truth Social, uma plataforma de mídia social semelhante ao Twitter pertencente ao ex-presidente Donald Trump, foi lançada na Apple App Store dos Estados Unidos.
Trump foi banido do Twitter, Facebook e YouTube no ano passado.
Alguns usuários iniciais disseram ter dificuldades para criar uma conta na plataforma.
O líder do projeto, o ex-congressista Devin Nunes, disse que a nova plataforma estará funcionando completamente até o final de março.
Alguns dos que tentaram se registrar foram informados: "Devido à grande demanda, colocamos você em nossa lista de espera", informou a agência de notícias Reuters.
Criada pela Trump Media & Technology Group (TMTG), a Truth Social já havia sido disponibilizada para cerca de 500 pessoas testarem em modo beta.
Na semana passada, Donald Trump Jr. compartilhou no Twitter uma captura de tela da primeira "verdade" de seu pai na rede social: "Preparem-se. Seu presidente favorito os verá em breve".
A Truth Social já teve uma atualização para "correções de bugs", de acordo com a App Store, e agora está na versão 1.0.1.
No outono passado, hackers descobriram uma versão de teste do site do aplicativo e, de acordo com o Washington Post, registraram o nome de usuário donaldjtrump.
O Twitter baniu o ex-presidente após a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, alegando que ele havia quebrado regras sobre glorificação da violência.
Analistas de tecnologia destacaram que os botões da Truth Social são parecidos com as funções de "resposta", "retuíte" e "curtir" do Twitter.
Em seu site, a Truth Social se descreve como uma "plataforma de mídia social 'de tenda larga' que incentiva uma conversa global aberta, livre e honesta sem discriminar por ideologia política".
Trump quer que a Truth Social defenda a "liberdade de expressão" e evite "censura" como, segundo ele, acontece em sites como Twitter e Facebook.
Muitos conservadores acusam as empresas de mídia social do Vale do Silício de restringir a liberdade de expressão removendo postagens e usuários.
"Não podemos usar nenhuma das grandes empresas de tecnologia", disse Nunes, que renunciou à sua vaga no Congresso em dezembro para se tornar o presidente-executivo da TMTG. "Então, estamos tendo que construir tudo do zero."
Nunes prometeu que a Truth Social será uma "experiência livre de censura".
Mas qualquer plataforma de mídia social na App Store e no Google Play precisa remover conteúdo que viole suas regras. E uma plataforma verdadeiramente sem censura logo seria retirada das lojas.
Em seu auge no Twitter, Trump tinha mais de 88 milhões de seguidores.
Mas nenhuma das outras plataformas alternativas que se apresentam como livres de censura, como Gettr, Parler, Gab e Rumble, atraiu audiências comparáveis às das grandes redes sociais.
Empresas como o Twitter "tiveram anos para desenvolver suas plataformas e formar seus públicos", aponta Darrell West, pesquisador sênior de inovação tecnológica da consultoria Brookings Institution.
"Eu acho que ele vai logo descobrir que é muito mais difícil do que ele imagina", disse ele. "Se isso fosse fácil, acho que ele teria feito isso há seis meses."
No ano passado, a Apple e o Google removeram a plataforma Parler de suas lojas, já que a rede social não retirou postagens que incentivavam violência e atividades ilegais.
O Parler recebeu permissão para voltar, mas apenas depois de concordar com os termos de serviço da Apple e do Google.
"Simplesmente não tem jeito de evitar as grandes empresas de tecnologia", diz West.
"Mesmo que ele [Trump] tenha sua própria plataforma, se ele estiver violando os termos de serviço [das lojas da Apple e do Google], eles podem basicamente remover seu aplicativo da loja de aplicativos, o que tornaria muito difícil para ele formar um público."
A Gettr, que também defende a "liberdade de expressão" e se parece com o Twitter, foi fundada no ano passado pelo ex-assessor e porta-voz de Trump, Jason Miller.
"Não existe uma fórmula pronta para criar uma plataforma de mídia social", disse ele à BBC News.
"Você tem que encontrar bons talentos. E, francamente, há muitas pessoas que estão com medo... porque as pessoas se preocupam de ter nos seus currículos experiência em uma empresa que desafia as grandes empresas de tecnologia."
A Truth Social também terá que ser forte o suficiente para se proteger contra hackers.
"Temos tantas pessoas que não querem que tenhamos sucesso... até mesmo governos estrangeiros e outros atores perversos", disse Nunes.