O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, se reúne nesta quarta-feira em Moscou com o colega russo Vladimir Putin, em desafio às advertências dos Estados Unidos por sua viagem em um momento de grande tensão pela crise na Ucrânia.
Bolsonaro viajou a Moscou apesar dos temores dos países ocidentais de que a Rússia prepara um ataque contra a Ucrânia, uma acusação que Moscou nega.
Antes da viagem, o presidente brasileiro, um aliado tradicional dos Estados Unidos no período de Donald Trump, rejeitou a pressão para cancelar a viagem.
Desde terça-feira, a tensão a respeito da Ucrânia registrou uma leve queda, depois que a Rússia anunciou uma retirada parcial de algumas tropas e nesta quarta-feira informou o fim das manobras na península da Crimeia, anexada em 2014 ao país vizinho.
Na segunda-feira, a Rússia afirmou que existe uma "possibilidade" de resolver a crise ucraniana a partir da negociação diplomática.
Bolsonaro defendeu a viagem ao afirmar que o encontro abordará temas comerciais.
Na terça-feira, o presidente afirmou em sua conta no Twitter que a primeira visita de um governante brasileiro à Rússia aconteceu em 1876 e que o Brasil "tem uma vocação de amizade com todas as nações do mundo".
O Kremlin afirmou que os dois chefes de Estado abordarão o "fortalecimento da associação estratégica entre Rússia e Brasil", além de temas comerciais, científicos e culturais.
O governo russo informou ainda que os dois devem falar sobre suas visões a respeito dos "problemas da agenda internacional".
Bolsonaro viaja acompanhado dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa, que se reunirão com seus colegas russos.
Antes da viagem a Moscou, Bolsonaro fez um aceno à Ucrânia e informou que o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, conversou por telefone com o chanceler ucraniano, Dmyitro Kuleba.
A Rússia fez o convite ao presidente brasileiro no fim de novembro, quando a crise a respeito da Ucrânia já preocupava os países ocidentais.
Bolsonaro aceitou e decidiu combinar sua viagem com uma visita à Hungria para um encontro com o primeiro-ministro de extrema-direita Viktor Orban, que também se reuniu recentemente com Putin.
O presidente brasileiro expressou admiração por Putin, no momento em que enfrenta um complicado cenário interno com as eleições presidenciais de outubro.
A relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos esfriou desde que o republicano Donald Trump deixou a Casa Branca.
O presidente brasileiro é conhecido por suas polêmicas posturas na pandemia e não está vacinado contra a covid-19.
Putin tem sido extremamente cauteloso para não ser infectado com o coronavírus e recebeu alguns líderes em uma longa mesa, o que provocou muitos comentários sobre o distanciamento que estabelece com os chefes de Estado e Governo.