Embora a covid-19 ainda esteja em sua fase pandêmica, a propagação da variante ômicron vai transformá-la em uma doença endêmica com a qual a humanidade poderá aprender a conviver, anunciou ontem, terça-feira (11) a agência reguladora europeia.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) também expressou suas dúvidas quanto à administração de uma quarta dose à população, afirmando que a aplicação reiterada de doses não seria uma estratégia "sustentável".
"Ninguém sabe quando vamos ver a luz no fim do túnel, mas vamos chegar lá", declarou Marco Cavaleri, diretor de estratégia vacinal da EMA, com sede em Amsterdã.
"Com o aumento da imunidade na população - e com a ômicron, haverá muita imunidade natural além da vacinação -, nós avançamos rumo a um cenário que será mais próximo da endemicidade", acrescentou Cavaleri durante uma coletiva de imprensa.
Mas, destacou, "não devemos nos esquecer que estamos ainda em uma pandemia".
O braço europeu da Organização Mundial da Saúde também considera que agora é impossível qualificar o vírus como endêmico, assim como o da gripe.
"Nós ainda temos um vírus que evolui rapidamente e que traz novos desafios. Portanto, não estamos no ponto de poder qualificá-lo de endêmico", afirmou a encarregada de situações de emergência da OMS na Europa, Catherine Smallwood.
Mais da metade dos europeus poderão ser infectados pela variante ômicron daqui a dois meses, em virtude da onda atual, segundo a OMS Europa.
Este último também preveniu que combater a pandemia de covid-19 à base de doses de reforço das vacinas atuais não seria uma estratégia viável, uma avaliação compartilhada pela EMA.
"Se nós tivermos uma estratégia na qual damos doses de reforço a cada quatro meses, acabaremos tendo potencialmente problemas de resposta imunológica", declarou Cavaleri.
"E, em segundo lugar, certamente há o risco de fadiga da população com a aplicação contínua de doses de reforço", acrescentou.
Seria melhor os países começarem a pensar a espaçar os reforços em intervalos mais longos e administrá-los no começo do inverno, como a vacina contra a gripe, destacou.
Embora a ômicron pareça mais contagiosa do que as outras variantes, estudos mostraram um risco menor de hospitalizações por esta cepa, avaliado entre um terço e metade do risco de internações com a variante delta, segundo a EMA.