Cuba desenvolve nesta sexta-feira (19) a segunda jornada de seus tradicionais exercícios militares "estratégicos", dedicados este ano a avaliar a capacidade de resposta à "guerra não convencional" dos Estados Unidos, que Havana aponta como responsável pelos protestos na ilha.
Os Exercícios Estratégicos Moncada-2021, que começaram na quinta-feira e terminam no sábado, o Dia Nacional da Defesa, têm "como objetivo fundamental estudar as ações para prevenir e enfrentar situações de risco, ameaças e agressões à segurança do país, em um cenário de guerra não convencional imposto pelo governo dos Estados Unidos contra Cuba", assinalou a emissora de televisão estatal.
Os exercícios incluem práticas para treinar a população, as Forças Armadas Revolucionárias (FAR) e efetivos do Ministério do Interior, segundo a emissora.
A repentina declaração oficial de 20 de novembro como Dia Nacional da Defesa obrigou o grupo opositor Archipiélago a antecipar para 15 de novembro a marcha cívica que tinha convocado para essa data em Havana e em outras seis cidades do país, com dois meses de antecipação.
A manifestação convocada pelo grupo, que conta com 38.000 membros dentro e fora de Cuba, foi proibida pelo governo e acabou sendo frustrada depois que as forças de segurança mobilizaram um enorme dispositivo policial e detiveram diversos líderes da oposição.
Para Havana, essa marcha frustrada, as manifestações de 11 de julho, e o protesto de novembro do ano passado, quando 300 jovens artistas se plantaram em frente ao Ministério da Cultura para exigir liberdade de expressão, formam parte de um plano desenhado e financiado em Washington para promover uma mudança de regime em Cuba.
A convocação do Archipiélago para exigir a libertação dos presos políticos surgiu depois das manifestações inéditas de julho, que deixaram um morto, dezenas de feridos e 1.270 detidos, dos quais mais de 600 seguem presos, segundo a ONG Cubalex.
Cuba costuma realizar esses exercícios militares todos os anos, mas suspendeu os mesmos no ano passado por causa da pandemia de covid-19.
"Os Dias da Defesa são utilizados para a preparação de tropas, dos órgãos e organizações estatais, das entidades econômicas e instituições sociais, e das organizações políticas e de massas", diz o site das FAR, que também realiza um "trabalho político-ideológico".