Mais de 50.000 pessoas foram deslocadas em apenas duas semanas no centro do Haiti, devido ao avanço da violência das gangues nos arredores da capital, Porto Príncipe, informou, nesta terça-feira (22), a agência da ONU para as Migrações.
O Haiti, país mais pobre das Américas, sofre há tempos com a violência de quadrilhas criminosas, acusadas de cometer homicídios, estupros, saques e sequestros em um contexto de instabilidade política.
Em 31 de março, as gangues atacaram cidades do departamento do centro do país, sobretudo Saut-d'Eau e Mirebalais, a 50 km da capital, onde o ataque alvejou a delegacia e a prisão, com a libertação de 529 detidos.
No total, desde esse ataque, em 16 de abril, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) registrou o deslocamento de 51.466 pessoas. A maioria é de refugiados agora com familiares, informou a agência nesta terça.
Estes novos deslocamentos motivados pela violência se somam ao milhão de pessoas forçadas a fugir. Em um ano, o número de deslocados triplicou.
Os ataques "perturbaram os serviços públicos e a educação", acrescentou o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
Todas as escolas de Mirebalais e Saut-d'Eau estão fechadas e mais de 30 nas comunidades vizinhas são usadas para acolher famílias de refugiados, acrescentou o OCHA ao assinalar um acesso limitado da ajuda humanitária pela presença de grupos armados.
O Haiti vive um aumento da violência desde meados de fevereiro e as gangues controlam cerca de 85% da capital, segundo a ONU.