O contexto
Wilmore e Williams foram lançados ao espaço em junho de 2024 como parte de uma missão de teste para certificar a espaçonave Starliner, que a Boeing e a NASA esperavam começar a usar para transportar regularmente astronautas para a Estação Espacial Internacional, como a SpaceX vem fazendo desde 2020.
A missão deveria durar apenas 10 dias, mas vazamentos de hélio e falhas na propulsão da Starliner forçaram o prolongamento da estadia dos astronautas até que a NASA decidiu que a espaçonave deveria retornar vazia e a tripulação deveria permanecer na Estação Espacial Internacional para aguardar o retorno da missão Crew-9 da SpaceX.
Após nove meses de experimentos em microgravidade e caminhadas espaciais de manutenção, Wilmore e Williams têm como data de retorno o dia 19 de março, alguns dias após a chegada à estação dos membros da tripulação da Crew-10, cujo lançamento está programado para 12 de março.
A polêmica
A decisão tomada na época pela NASA parecia puramente técnica: priorizar a segurança de seus astronautas, forçando a Boeing a desorbitar a Starliner sem seus ocupantes e, em seguida, lançar a missão Crew-9 com dois assentos vazios para o retorno dos astronautas “presos” na ISS.
No entanto, há outra versão dos fatos. Elon Musk alega, sem provas, que essa não foi uma decisão técnica, mas política, tomada pelo governo de Joe Biden antes da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Musk se ofereceu para enviar uma espaçonave Crew Dragon adicional para trazer os astronautas o mais rápido possível, mas a Casa Branca recusou, de acordo com o empresário, "por razões políticas".
A polêmica, alimentada por acusações de Musk e do próprio Trump em várias entrevistas, aumentou com uma troca hostil entre Musk e o astronauta dinamarquês Andreas Mogensen, que acusou Musk publicamente de mentir, provocando uma reação particularmente agressiva do fundador da SpaceX, com Musk chamando Mogensen de "um completo retardado".
A reviravolta no roteiro
Embora as declarações de Elon Musk tenham sido refutadas pela NASA, Butch Wilmore e sua família colocaram outra possibilidade na mesa: a de que Musk talvez esteja certo. Em uma recente coletiva de imprensa na Estação Espacial Internacional, o astronauta deu crédito ao relato de Musk, dizendo que o empresário tinha sido “absolutamente factual”. Mas ele também disse que não conhecia os detalhes exatos do processo de decisão do governo Biden de não aceitar a ajuda oferecida por Musk.
Para piorar a situação, a filha de Butch, Daryn Wimore, disse em um vídeo publicado nas redes sociais sociais que estava muito frustrada com a situação: “Há muita política, há muitas coisas que não tenho liberdade para dizer e que não conheço totalmente. Mas houve problemas. Houve negligência. E essa é a razão pela qual isso continua sendo adiado. Houve um problema após o outro.
O que diz a NASA
Altos funcionários da NASA, como Ken Bowersox e Steve Stich, reiteraram que a permanência prolongada dos astronautas foi motivada apenas por razões técnicas e operacionais, relacionadas à segurança e à logística da Estação Espacial Internacional.
A SpaceX ofereceu alternativas ao plano oficial em 2024, admitiram os funcionários, mas elas foram rejeitadas não por motivos políticos, mas por considerações orçamentárias e técnicas que priorizavam a continuidade operacional da ISS, disseram eles.
Para finalizar, a NASA publicou um resumo do que Wilmore, Williams e seus colegas da missão Crew-9 fizeram nos últimos nove meses: mais de 900 horas dedicadas a investigações científicas importantes sobre biofabricação, agricultura espacial, sistemas avançados de exercícios e estudos de microorganismos em microgravidade.
*Matéria traduzida e adaptada do site parceiro Xataka