O Comitê das Nações Unidas sobre Desaparecimentos Forçados disse nesta quinta-feira (5) que recebeu informações de que estão guardados em um hangar no Aeroporto de Bogotá, na Colômbia, cerca de 20 mil corpos que não puderam ser identificados, porque não há meios ou formas de saber suas identidades para enterrá-los.
A informação chegou ao comitê e foi divulgada por Carmen Rosa Vila, especialista do órgão, em entrevista coletiva em Bogotá.
Carmen especificou que essa informação foi fornecida pelo Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses e que “não são corpos que foram encontrados, são corpos que estão armazenados”, porque “não há outro lugar para mantê-los”.
O comitê fez a revelação depois de expressar “particular preocupação” com a situação “das instituições encarregadas da identificação dos corpos e restos mortais localizados” de pessoas desaparecidas na Colômbia, pois “os recursos materiais e humanos disponíveis não permitem atender à demanda”.
– Não há espaço para continuar preservando os restos ou corpos encontrados – advertiu a especialista do comitê da ONU.
Ela reiterou a falta de recursos de todos os tipos que a Medicina Legal tem e “a falta de profissionais treinados para realizar o trabalho forense técnico necessário”.
A Colômbia tinha, de acordo com a Unidade de Busca de Pessoas Desaparecidas (UBPD), mais de 111 mil desaparecidos antes de 2016, mas os dados variam e há uma lacuna após essa data.
O comitê, que visitou o país pela primeira vez, também expressou preocupação com o fato de que “não há um quadro global confiável da extensão do desaparecimento forçado. Os números relatados à delegação variam entre 98 mil e 200 mil pessoas desaparecidas na Colômbia”.