Quatro países europeus da Aliança Atlântica – Alemanha, França, Itália e Polônia -, acertaram, durante cúpula em Washington, plano de cooperação para desenvolvimento e produção de mísseis de longo alcance.
O memorando de entendimento foi firmado nessa quinta-feira (11) pelos ministros da Defesa dos quatro países, no último dia da reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que marcou os 75 anos da entidade. O plano abre caminho a uma cooperação com o objetivo de reforçar a capacidade militar de cada uma das nações, mas também a “base industrial e da defesa europeia”, à luz da agressão militar da Rússia à Ucrânia, indicaram os Estados-membros envolvidos.
A carta de intenções em torno do chamado plano ELSA (sigla para Abordagem Europeia de Ataque de Longo Alcance) estabelece uma estratégia a longo prazo para melhorar os arsenais europeus e reforçar sua capacidade de dissuasão
Prevê a produção de mísseis de cruzeiro, com alcance superior a 500 quilômetros, mas os detalhes só serão conhecidos no final do ano com a publicação do primeiro projeto de documento com especificações.
A estratégia junta Berlim, Paris, Roma e Varsóvia, mas tem uma “abordagem inclusiva, no sentido de que outros parceiros sejam convidados a participar”, explicou o ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu. Ele admitiu que o Reino Unido, agora liderado por um governo trabalhista encabeçado por Keir Starmer, venha a juntar-se em breve à iniciativa.
O plano de cooperação foi assinado paralelamente à reunião da Otan, realizada nesta semana em Washington, um dia após os Estados Unidos terem anunciado que vão instalar equipamento militar de longo alcance em território alemão em 2026 para demonstrar o compromisso de Washington com a Aliança Atlântica para a “dissuasão integrada europeia”.
“Essas unidades convencionais de longo alcance incluirão [mísseis] SM-6, Tomahawk e armas hipersônicas desenvolvidas, que têm alcance significativamente maior do que os atuais materiais terrestres na Europa”, indicaram Estados Unidos e Alemanha em comunicado conjunto enviado pela Casa Branca.
O Kremlin não tardou em reagir a esse anúncio, condenando a decisão norte-americana de instalar mísseis de longo alcance na Alemanha, denunciando uma volta “à Guerra Fria”, em pleno conflito armado na Ucrânia.
Na terça-feira, os Estados Unidos e quatro países europeus – Países Baixos, Alemanha, Itália e Romênia – já haviam anunciado que vão enviar sistemas de defesa aérea Patriot para a Ucrânia, depois da última onda de ataques russos que fez quase 40 mortos e 170 feridos.