Presidente do Chile, o esquerdista Gabriel Boric anunciou neste sábado (1º) que irá propor uma lei de aborto livre durante o segundo semestre do ano. Segundo ele, “as mulheres do Chile merecem o seu direito de decidir”.
A fala do progressista apenas contempla o direito de decisão das mulheres já nascidas, desprezando qualquer direito da vida intrauterina, onde o ser humano se encontra em seu estágio mais indefeso.
– Como presidente, estou convencido de realizar um debate democrático sobre os direitos sexuais e reprodutivos e, apesar de alguns deputados homens se oporem, durante o segundo semestre deste ano apresentaremos um projeto de lei sobre o aborto legal – declarou Boric, em seu discurso de prestação de contas ao Congresso Nacional, em Valparaíso.
O Chile descriminalizou o aborto em 2017, durante o segundo mandato da ex-presidente socialista Michelle Bachelet, e aprovou uma lei permitindo abortar por três motivos: risco para a mãe, inviabilidade fetal e estupro.
Boric disse que o governo produziu um novo regulamento para o que chamou de “melhorar a aplicação” da lei, que busca “garantir que a população conheça as suas opções, assegurar um direito que está consagrado na lei, que a objeção de consciência não impeça estas três causas e que o local onde se vive e a capacidade de pagamento não sejam uma barreira”.
Até 2017, o aborto era crime no país, mas com a instalação de lideranças de esquerda na presidência do país, um novo cenário foi construído acerca da interrupção da vida em estágio inicial.
O anúncio de Boric foi aplaudido por seus asseclas, mas vaiado por parlamentares de direita, que atualmente são maioria no Congresso.
Desde a aprovação da lei das três causas, o debate para ampliar a lei e aprovar o aborto livre é insistentemente reaberto periodicamente, mas os conservadores resistem fortemente e a população, em sua maioria, não adere à prática.
A última tentativa de implementar o aborto livre foi feita em 2022, quando uma proposta de alteração da Constituição chilena previa a garantia do aborto gratuito na Carta Magna, mas a medida não encontra apoio no seio da sociedade.