Trump foi um dos primeiros líderes mundiais a cumprimentá-lo, na noite de domingo. "Estou muito orgulhoso de você. Você vai mudar por completo o teu país e vai fazer a Argentina voltar a ser grande", escreveu em uma postagem.
Está pendente uma reunião com o presidente peronista de centro-esquerda, Alberto Fernández, para iniciar a transição governamental que ele espera "ser tão ordenada quanto possível".
Desde 2003, a Argentina é governada pelo peronismo da atual vice-presidente e duas vezes presidente Cristina Kirchner, exceto pelo mandato do direitista Mauricio Macri (2015-2019).
"Ficou demonstrado que a maioria dos argentinos quer mudanças", disse à AFP Oscar Sario, um aposentado de 68 anos.
O presidente eleito anunciou que viajará em caráter privado aos Estados Unidos e a Israel.
- Metas econômicas -
A vitória de Milei não teve efeito imediato nos voláteis mercados argentinos, já que esta segunda-feira é feriado no país. No entanto, as ações argentinas cotadas em Wall Street registraram forte alta, com destaque para a petrolífera estatal YPF.
Os seus principais desafios serão reduzir a inflação, equilibrar as contas públicas, eliminar o controle cambial e cortar o gasto público. Propõe metas mais duras que as do Fundo Monetário Internacional (FMI), organização com a qual a Argentina tem um acordo de 44 bilhões de dólares desde 2018 (cerca de 214 bilhões de reais na cotação atual).
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, parabenizou Milei nesta segunda-feira.
"Esperamos trabalhar estreitamente com ele e com a sua administração no próximo período para desenvolver e implementar um plano sólido para preservar a estabilidade macroeconômica e fortalecer o crescimento inclusivo para todos os argentinos", escreveu ela na rede social X.
Milei deseja acabar com os subsídios aos serviços públicos e eliminar os impostos à exportação.
Ele também garantiu que promoverá o fim do controle cambial estabelecido em 2019, mas primeiro quer quitar a dívida emitida pelo Banco Central, por meio de títulos.
Sobre o Banco Central, Milei reiterou que será suprimido "porque é uma questão moral: roubar é errado".
Quanto à ideia de dolarizar a economia, nesta segunda-feira foi mais ambíguo. "O eixo central é fechar o Banco Central, então a moeda será aquela que os argentinos escolherem livremente", afirmou.
Milei avisou que iniciará as suas reformas imediatamente porque "não há espaço para o gradualismo, para a tibieza ou para meias-tintas".
Mas requer um forte apoio político. Embora tenha obtido uma votação importante nas eleições parlamentares parciais de outubro, seu partido, A Liberdade Avança, tem apenas sete dos 72 senadores e 38 dos 257 deputados, portanto dependerá de alianças.
No segundo turno, Milei contou com o apoio de Macri e da ex-candidata Patricia Bullrich, da coalizão de centro-direita Juntos pela Mudança, a segunda força parlamentar que ficou, no entanto, rachada por esta decisão.