Também chamado de Bolsonaro argentino, o economista Javier Milei pode ser declarado presidente, ainda no 1º turno, nas eleições que acontecem amanhã (22.10) na Argentina. Vitorioso nas prévias do país vizinho, Milei é uma ameaça para a pretensa hegemonia da esquerda na América Latina.
Definido como anarcocapitalista, Milei é contra o aborto, mas a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas suas principais propostas estão no campo econômico: dolarizar a economia e cortar gastos do Estado promovendo o combate à corrupção e o enxugamento da máquina pública.
Com a inflação a 138% e o desemprego estrutural arruinando a vida das famílias argentinas, Milei procura na dolarização a recomposição do poder aquisitivo e a estabilização econômica do país.
A experiência da dolarização salvou o Equador da ruína e foi desastrosa, inicialmente, somente para as pessoas que não acreditaram na proposta e viram seus sucres (ex-moeda equatoriana) desaparecerem da noite para o dia.
Uma provável vitória de Milei, entretanto, dará tempo para que o povo argentino saque suas poupanças e converta os pesos argentinos em dólares americanos.
Uma matéria de Nicolás Misculin publicada na Reuters e intitulada INFLAMADOS PELA RAIVA, ELEITORES ARGENTINOS SE MOSTRAM DISPOSTOS A MERGULHAR NO DESCONHECIDO demonstra bem o medo que a esquerda latino-americana tem da eleição de Milei que é declaradamente de direita e libertário.
Dentre outras coisas, a vitória do economista terá como consequência imediata a retirada do nome da Argentina da relação de países a entrar no BRICS. "Nosso alinhamento de geopolítica é com os Estados Unidos e com Israel. Essa é a nossa política internacional. Não vamos nos alinhar com comunistas", disse bem claro Milei ao também declarar que os comunistas "não respeitam os parâmetros básicos de livre comércio, liberdade e democracia".
Portanto, a ascensão de Milei é um balde de água gelada na intenção de Lula de querer afirmar-se como liderança regional latino-americana. Daí o governo Lula ter bancado a negociação do empréstimo de R$ 1 bilhão do CAF para ajudar à campanha do candidato governista Sergio Massa. Daí o ministro Fernando Haddad ter demonstrado publicamente o seu temor do líder de direita argentino chegar à Casa Rosada.
A vitória de Milei será uma derrota para Lula e o Foro de São Paulo.