O Ministério da Defesa de Israel afirmou nesta quarta-feira (11) que há brasileiros entre as pessoas mantidas reféns pelo grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. O anúncio foi feito por Jonathan Conricus, porta-voz do Exército israelense.
"Temos [entre os reféns] americanos, britânicos, franceses, alemães, italianos, brasileiros, argentinos, ucranianos e diversos outros países", disse ele em vídeo. "Estamos comprometidos a trazê-los de volta."
Segundo Conricus, o desafio do resgate dos reféns não é apenas de Israel. "Isso é algo que preocupa diversos países livres do mundo", afirmou. Ele não informou quantos brasileiros estão sendo mantidos pelo grupo terrorista, nem revelou a identidade das vítimas.
O anúncio do porta-voz militar israelense pegou a diplomacia brasileira de surpresa. Até aqui, nem a Embaixada em Israel, nem o Escritório de Representação na Palestina haviam recebido relatos de que havia cidadãos do Brasil estavam entre os sequestrados.
O Ministério das Relações Exteriores informou na manhã desta quarta que tomou conhecimento da notícia, mas ainda não confirma essa informação. "De fato, recebemos essa informação também e estamos procurando verificá-la. Mas não temos ainda confirmação de que existiria algum refém com nacionalidade brasileira", afirmou o embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário da África e do Oriente Médio do Itamaraty.
O grupo terrorista Hamas disse ter feito mais de cem reféns durante a incursão a Israel, no sábado (7). As Brigadas al-Qassam, braço armado do grupo, ameaçaram executar as vítimas sequestradas caso Tel Aviv prosseguisse com bombardeios contra Gaza. A ameaça não intimidou as forças israelenses, que continuam atacando o enclave palestino.
Ao menos dois brasileiros morreram no conflito. A morte de Bruna Valeanu, 24, foi confirmada nesta terça (10) por familiares e pelo Itamaraty. Na véspera, havia sido anunciada a morte do gaúcho Ranani Glazer. Ambos estavam em um festival de música eletrônica perto do kibutz Re'im, a poucos quilômetros da fronteira com Gaza, quando o local foi invadido por extremistas.
Um terceiro cidadão brasileiro, ainda não identificado, continua desaparecido. Participantes da festa dizem que uma sirene tocou ao amanhecer e foi seguida de barulhos de tiros. Os participantes do evento tentaram fugir do local correndo ou em carros, mas encontraram jipes de terroristas armados. Mais de 260 corpos foram encontrados no local.
Além dos reféns mantidos pelo Hamas, o chefe do grupo palestino Jihad Islâmico, Ziad al-Nakhala, afirmou que sua facção mantém em cativeiro mais de 30 dos israelenses que foram sequestrados na Faixa de Gaza desde sábado.
Os atentados do grupo terrorista são os piores sofridos por Israel em 50 anos. A incursão do Hamas deixou mais de 1.200 mortos em solo israelense. Já os ataques retaliatórios mataram ao menos 1.055 na Faixa de Gaza. No total, 2.255 mortes tinham sido confirmadas até a manhã de ontem (quarta).
Os sequestros parecem ter sido um elemento-chave da estratégia do Hamas em seu ataque surpresa. O grupo disse na segunda que os bombardeios de Israel em Gaza mataram quatro reféns israelenses, mas a informação não pôde ser verificada de forma independente.
Milhares de pessoas compareceram nesta terça ao funeral da brasileira Bruna, em Israel. Muitas das pessoas se solidarizaram com um chamado feito nas redes sociais e ecoado em canais de televisão para irem ao enterro.
O chamado para que mais pessoas comparecessem foi motivado por uma tradição judaica —a de que o quórum para cerimônias religiosas seja de dez homens. A família temia que houvesse menos pessoas no funeral. Ao final, foi surpreendida pela onda de solidariedade.
Já o primeiro voo da Força Aérea Brasileira (FAB) usado para repatriar 211 brasileiros que estavam em Israel pousou em Brasília na madrugada desta quarta, às 4h07.
A FAB informou na segunda (9) que devem voltar ao todo 900 brasileiros ao país até sábado. O governo brasileiro trabalha para retirar os cidadãos do local desde o início do conflito.