O Japão anunciou nesta sexta-feira (24) que não enviará funcionários ministeriais para as Olimpíadas de Inverno de Pequim em fevereiro.
A decisão foi divulgada pelo porta-voz do governo japonês após o boicote diplomático divulgado por vários países, incluindo os Estados Unidos.
O Japão "acredita que o respeito pelos direitos humanos é importante", disse o secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, em entrevista coletiva. "Tomamos uma decisão abrangente".
Segundo Matsuno, o chefe dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Seiko Hashimoto, o presidente do Comitê Olímpico Japonês, Yasuhiro Yamashita, e o chefe das Paraolimpíadas do Japão, Kazuyuki Mori, ainda participarão do evento.
Hashimoto irá a Pequim "para expressar gratidão e respeito aos atletas e outras pessoas que apoiaram os Jogos de Tóquio" realizados no verão passado, acrescentou o porta-voz.
No entanto, o Japão "não planeja enviar funcionários do governo" para as Olimpíadas de Inverno na China. A posição de Tóquio veio depois que EUA, Reino Unido, Austrália e Canadá anunciaram um boicote diplomático aos Jogos de Pequim, que acontecerão de 4 a 20 de fevereiro de 2022, para denunciar abusos de direitos humanos na China.
Pequim, por sua vez, avisou aos quatro países ocidentais que enviarão atletas aos Jogos, mas não oficiais, que eles pagarão "o preço" por sua decisão.
O Japão, anfitrião dos Jogos de Tóquio 2020 adiados por um ano devido ao novo coronavírus, está em delicada posição diplomática entre os Estados Unidos e a China, dois importantes parceiros comerciais. Já a Coreia do Sul, outro aliado dos EUA, anunciou no início da semana passada que não boicotaria diplomaticamente o evento, citando a necessidade de continuar cooperando com o governo chinês.
O Comitê Olímpico Internacional (COI), entretanto, invocou sua "neutralidade" sobre o assunto, recusando-se a comentar sobre "decisões puramente políticas" e, acima de tudo, saudando a ausência de um boicote esportivo.
De acordo com organizações de direitos humanos, pelo menos um milhão de uigures e outras minorias de língua turca, a maioria muçulmanos, estão detidos nos campos de Xinjiang. Além disso, a China é acusada de esterilizar mulheres à força e impor trabalhos forçados.